coisas do gomes
Este é o blogue do Nuno Gomes, mau futebolista mas incrível jogador de campo minado. Se não quiseres comentar publicamente, não hesites em escrever para aulasdeviolino@lsi.pt. Para consultas urgentes, contactem-me no messenger com aulasdeviolino@hotmail.com. Os meus livros para troca.
quinta-feira, março 31, 2005
 
NOTAS
referências

Isto começa a passar a barreira do ridículo. Agora falam de mim na Lusa e na RTP. Tenho de tomar providências.



terça-feira, março 29, 2005
 
GAMANÇOS
novelo

"Mas a ‘necessidade de alguém’ rapidamente se transformou no ‘desespero do ninguém’. Já não procurava, enlouquecia, pois sentia-se como uma terra perdida nos montes cujas placas foram levadas pelo vento. O que o separava da depressão profunda era cada vez mais ténue. A loucura parecia abeirar-se dele, aos poucos. Queria viver, ser feliz ao lado de alguém, mas esse cenário parecia-lhe cada vez mais escondido da sua percepção, numa prateleira alta demais, numa despensa com a porta trancada, numa casa que nunca tinha visto." (inédito)



segunda-feira, março 28, 2005
 
OCORRÊNCIAS
Páscoa na PVZ

Sempre que faço algo cá pela Póvoa, como ir tomar café com a mamã ou ver uma procissão, parece-me sempre um desperdício de tempo. Isto, claro, nos primeiros décimos de segundo depois de tomar a decisão. Nestas festas pascais tenho visto um pouco de tudo. Procissão com os farricocos (KKK à portuguesa) debaixo de chuva, a reunião das cruzes do compasso na Praça do Almada, e um jogo da pela à frente do museu. Morar numa cidade tem estas coisas fantásticas, em que todos se juntam na rua para celebrarem a comunidade. Podiam era espalhar estas coisas pelo ano. Assim é só um fim-de-semana de divertimento de quando em quando.



domingo, março 27, 2005
 
FICÇÕES
chuva dissolvente (apontamentos de lucidez)

A chuva dissolveu os pensamentos e levou-os corrente abaixo. Bonito! Na margem eu vejo-os a distanciarem-se e digo-lhes adeus. Bonito, hem? Eu vejo-os a distanciarem-se, já passaram dois dias desde que a chuva veio. Mas eu vejo-os! Eu vejo-os! Não é possível!!! Como pode. Eles vão, a introspecção continua. A introspecção é ver-se fora de si próprio como se fosse um espectador, como se habitasse fora do corpo, como se fosse um amigo, uma pessoa por quem passo na rua. Mas eu sou um ser sólido, o corpo prende a minha percepção dentro do corpo. Mas não prende. O meu, não sei...
Enquanto a chuva durar, será que eu vou ver os meus pensamentos a irem? Viver, sentir, e saber que estou a viver e sentir? Qual é o sentido? Viver e sentir, sim, Viver, sentir e saber que se vive e se sente? Assim não sente, assim não se vive, assim só se pensa. E pensar prende o viver e o sentir, influencia, difere, discorda. Não há vida sem o pensar, seja a mínima ameba pré-histórica a aperceber-se que comendo, sobrevive, mas sem ter consciência disso (ou sequer ter instrumentos para fazer essa dedução ou lógica para o fazer) ou um ser humano a descobrir que utilizando uma pedra contra a outra produz fogo, Ele não tem consciência disso, porque a vida não é isso.
A chuva leva-os para longe. Malditos, como estragaram a vida (a minha). Nada, nada. Ou tudo? Dissolvem os pensamentos, não os diferenciando, Ou eu é que escolhi os que estavam a mais, e deixei os piores, os mais sombrios. Será a chuva selectiva, uma catarse, ou uma cirurgia feita a mim próprio? Um trovão provocado (premeditado até), o toque dum deus superior, cansado de ver um mortal perocupado com problemas que deveriam ser os seus?
A chuva que vai e vem, ciclo hídrico, leva e trás a água que pode não ser a mesma mas continua a ser água. Não parará este ciclo, quando a chuva parar, o deserto que se formará não causará, com a água que ficou depositada no sub-solo, cactos onde me picarei? :) :))
:) O ciclo é vicioso. A merda é igual, o cheiro é que é diferente. Puro e duro. É a realidade. A chuva, quando voltar, trará os pensamentos de novo. A chuva, que agora surgira como uma libertação, uma revolução há muito esperada, será um mal do qual me vou precaver. Irei comprar guarda-chuvas, gorros, casacos. Irei nunca sair de casa, com medo da chuva. Esta chuva, existirá. Será que eu a imaginei. Eu quereria esta chuva. Eu previ esta chuva. Eu queria tanto que chovesse. Constipei-me com a merda da chuva. Seria uma premonição do que estava a acontecer, como um aviso a mim próprio. Já sei. Eu não quero esta revolução. Mas nunca me senti tão bem. A chuva cola a roupa ao corpo, quase como um controlo para o corpo não escapar. Dá-lhe uma constipação.
A merda da chuva, quer-me dar alento. Mas o corpo não deixa. E eu penso nisto. Mas a chuva não dissolve esse pensamento.

Ptolo Gomes
11-12-98



sábado, março 26, 2005
 
INSTANTÂNEOS
vento

Consegui capturar o vento, no tubo de ventilação da minha casa-de-banho. Imagino-o lá, subindo, descendo, à procura duma saída. A saída é daquelas coisas que só é precisa uma, não mais. E quando a procuramos, nada mais importa.



 
INSTANTÂNEOS
rigarde comme piove

A chuva voltou, agora em força, talvez. Podia chover eternamente, parava para as minhas idas à praia ou andanças de bicicleta. Sim, um mundo para as minhas necessidades.



 
CARTAZ
conferências

Em Abril, conferências no ESAD (Matosinhos, à beira do NorteShopping e da Estação Sete Bicas do Metro):

-Construir o Território, dia 8, 6ª

-Construir Espaços Públicos, dia 13, 4ª

-Construir o Habitar, dia 22, 6ª

Todas as conferências se realizam às 21h30. A entrada é livre. A página para mais informação está algures por aí.



quinta-feira, março 24, 2005
 
GAMANÇOS
Lipe

'Os turistas que tomam as suas férias nas mesmas datas acabam por pensar que a normalidade local é exactamente a que se lhes representa ante os seus olhos. Sempre a mesma decepção ou a mesma ilusão, a mesma temperatura... No entanto, o último dia de verão sempre é suspeitosamente parecido ao primeiro dia do outono.'

Daqui.



 
GAMANÇOS
na caixa do IKEA

'Tenha uma boa tarde para si.'



 
INSTANTÂNEOS
apontamentos (4 de Março de 2005)

-Uma família gorda. Um grupo de executivos. O que vai conduzir deve ser o que não bebe Super Bock. Detesto estas estações de serviço todas iguais, todas subservientes do mesmo Deus da restauração de beira da estrada. Porque é que a senhora me veio dizer à mesa que, para pedir, tinha de ir ao balcão? Até compreenderia, se fosse pré-pagamento. Um GNR no meio de civis, quando não numa operação de STOP, é mesmo gay. Bota de cano alto, gola peluda. Muito YMCA.

'Era para jantar, queria panados.' '...' '...' 'Mas panados como?' '...No prato.' Panados é no prato, caramba! Se pedisse um fino, também me perguntaria, de certeza, se queria normal ou preto. É um fino! Se quisesse, diria fino preto. É excesso de informação para esta gente, é o que é.


-Há uns meses, em Coimbra, vi uma instalação vídeo de Julião Sarmento. Tinha uma inegável qualidade, que nos levava a questionar o contacto entre o real e o digital. O seu título? Ghosts. Qualquer nova instalação, projecto artístico, escultura feita por um jovem artista português tem o seu título em inglês. Não em alemão, não em chinês, não em suhaíli. É em inglês, mesmo.

Ghosts / Fantasmas
Julian Sarment / Julião Sarmento
Idiot / Idiota



 
INSTANTÂNEOS
as gajas boas e as gajas boas (3)

Existem mulheres para quem olho e penso 'Que mulher interessante. Deve ser inteligente. Estimulante, diria mesmo.' A maior parte das mulheres, pelo contrário, aparenta ser banal, sem condimentos. E há aquelas que se nota logo que não têm nada na cabeça.

A Fátima Preto não encaixa em nenhuma dessas categorias. Até poderia considerá-la atraente, mas sinceramente não consigo. Até poderia dizer que ela não tem nada na cabeça, o que me parece francamente impossível, já que ela aparenta ser desprovida de cérebro.

P.S. Um dos seus momentos mais memoráveis foi quando, respondendo à pergunta 'o que gostaria de oferecer ao Papa', ela disse 'um terço'.



quarta-feira, março 23, 2005
 
IMAGENS
no meitro


No metro, em Lx. Já sou figura histórica, aparentemente. Espero que isto fique bem no meu currículo. 


 
LÍNGUA
livros para uma Galiza lusófona

Na minha última ida a Lx fiquei na casa de amigos galegos. Obviamente que todas as conversas foram em português, tanto da minha parte como da deles. São reintegracionistas, acreditam que português e galego são duas variantes da mesma língua, e receiam (e com razão) o galego oficial, chamado de isolacionista, promovido pela 'Xunta de Galicia' e o seu ridículo presidente (que não fala galego). Este galego oficial é uma adaptação do 'castrapo', o galego castelhanizado, com ñ em vez de nh e ll em vez de lh. É, basicamente, uma tentativa frustada de conciliar a fala do povo com uma vontade política virada exclusivamente para Madrid.

Eu não defendo o reintegracionismo por ser português e por me parecer simpático. É por ser realista. O português moderno é descendente directo da língua que se falava a norte do Douro, o galego. Enquanto que a nossa língua prosperou, desenvolveu-se e criou regras, o galego teve de sobreviver a séculos de castelhanização forçada, como língua escondida, falada apenas pelo povo.

Resumindo, esses tais amigos galegos falaram-me duma actividade que costumavam fazer em Pontevedra, onde o executivo camarário é do Bloque Nacionalista Galego. Compram livros em português, e depois deixam-nos pela cidade. A Câmara reembolsa-os, depois. Romantismo à parte, é uma óptima maneira de disponibilizar à população em geral livros na língua mais próxima daquilo que falam. Eu vou enviar livros que tenho repetidos, uns dez. Mais alguém? Desta feita será em Ourense, e como a Câmara não é do Bloque, o reembolso não é garantido.

Morada para onde podem enviar os livros:

Alice Alonso Crespo
Rua da Pena Vigia (Hernán Cortés) nº17 3º
32005 Ourense
Galiza

P.S. Na Galiza, o galego pode ser aprendido na escola, mas como língua estrangeira. Primeiro está o castelhano.
P.S.2 Outra coisa: indiquem aqui, pf, os livros que enviarem.



 
INSTANTÂNEOS
momentos d'agora

Já tenho emprego, já comecei, outro emprego complementar está para vir, vou ganhar bom dinheiro. A minha vida começa a parecer-me mais fácil, mais clara. Não posso relaxar, ainda assim. As causas continuam, a vontade de mudar. Nunca hei-de assentar ideias, o mundo muda todos os dias, gira, temos de o fazer girar para o nosso lado.



domingo, março 20, 2005
 
CARTAZ
amêndoas em floreiras

A todos os meus leitores sem instintos homicidas violentos: chegaram as amendoeiras em flor. Quem me quiser visitar em Foz Côa, que aproveite agora. A estadia é grátis e o tempo quente.



sábado, março 19, 2005
 
INSTANTÂNEOS
só duas coisas

Os galegos (que estiveram na nossa origem) têm o seu idioma (que é também o nosso) em risco sério de extinção. Ninguém sabe disto em Portugal, e muito menos em Espanha;

e

Qual é a lógica das empresas que produzem a maior parte da sua poluição à noite? A electricidade será mais barata de noite, mas ninguém me tira da cabeça que é apenas varrer o lixo para debaixo do tapete.



quarta-feira, março 16, 2005
 
INSTANTÂNEOS
desassossego

Nunca pensei que esta palavra fosse tão invulgar, quando escrita.



segunda-feira, março 14, 2005
 
NOTAS
e-book

Fui editado! Fui editado! Fui editado! Fui editado! Fui editado! Fui editado! Fui editado! Fui editado! Fui editado! Fui editado! Fui editado! Fui editado! Fui editado! Fui editado! Fui editado! Fui editado! Fui editado! Fui editado! Fui editado! Fui editado! Fui editado! Fui editado! Fui editado! Fui editado! Fui editado! Ahum.

Foi aqui. Não me perguntem como.



quarta-feira, março 09, 2005
 
CARTAZ
meitro

O metro abre até Pedras Rubras no domingo. Tenho de experimentar logo que possa.



 
INSTANTÂNEOS
viagenzita

Vou estar entre Coimbra e Lx nos próximos dias. Nada de coisas até domingo.



terça-feira, março 08, 2005
 
INSTANTÂNEOS
matadores

Fala-se agora dos gangs étnicos e do seu perigo para a segurança pública. Eu não tenho medo dos pretos. É que, em Freixo de Numão, dois homens mataram dois GNRs no meio duma festa. Não tenho medo de pretos, não. Tenho medo dos transmontanos*.

*Freixo de Numão pertence ao concelho de Foz Côa, situado na Beira Alta, numa zona curiosamente apelidada de 'Beira Alta Transmontana'.



 
INSTANTÂNEOS
apontamentos (4 de Março de 2005)

-Dois chineses a correr à frente do autocarro com um carrinho de compras cheio de sacos do lixo fica como a visão surreal do dia. Com piadas destas na realidade, quem precisa de imaginar textos cómicos?


-Passam três músicas na rádio, e duas serem da Britney Spears é mau demais para ser verdade. O cotovelo da mulher semienterrado no meu peito não me ajuda a escrever. O cheiro a peido dela também não. Tenho de reconsiderar estas viagens nos transportes alternativos.


-A malcheirosa, que até segurava um ramo de flores na mão segurada pelo cotovelo ameaçador, foi substituída por uma senhora bem mais púdica, o que significa que nenhuma parte do seu corpo está em contacto com nenhuma parte do meu.

Só agora notei que ainda estou todo encolhido. Hora de me espraiar.


-Sempre considerei Fevereiro como o mês de cio nos gatos. Miam desengonçados, normalmente sozinhos, outras vezes no focinho doutro gato. Ficam malucos. Agora cio nos homens, é novidade. Tenho a sexualidade à flor da pele. O que, num ser púdico como eu, não quer dizer muito.


-Estas viagens de autocarro, ainda assim, põe-me mais bem do que mal disposto. Às vezes todas as pessoas que vão à frente falam entre si, com o condutor. Também eu fico tagarela, quando saio falo com desconhecidos e sou bem mais prestável que o habitual. Todos deviam usar transportes colectivos, sempre. Não se perde tempo, ganha-se boa disposição, se pensarmos que entrei no autocarro a resmungar com o motorista. 'Afinal a culpa foi minha, confundi-me. E olhei para o horário quatro vezes!' desculpei-me. Era fixe, o gajo. E gostava de Marante!



 
INSTANTÂNEOS
apontamentos (3 de Março de 2005)

-Os registos civis são óptimos para conhecer mulheres: se lá foram, o mais provável é serem divorciadas.


-Há vezes em que dou comigo a tentar inventar pensamentos filosóficos só porque apoiei o queixo no punho, ao jeito da estátua de Rodin. Não haveria qualquer razão circunstancial para ter esses pensamentos, mas resultaram da posição, um inconveniente tique de estilo.

Outras vezes puxa-me a melancolia porque ponho a cabeça nas mãos, ou tapo os olhos porque os estou a esfregar, e penso que deveria estar chateado por esta ou aquela razão. Mas não estou.

É como se o corpo me estivesse a dizer coisas que não sinto mesmo. Ou como se outra entidade exterior, outra pessoa, me dissesse que deveria isto ou aquilo. Mas não choro quando limpo os olhos, nem filosofo quando descanso a cabeça. Eu nunca faço o que me dizem para fazer.


-O Pocinho começa-me a inquietar. Reencontro pessoas, relembro os momentos passados naquela cama, e a noite transforma-se (ou nada disso, é apenas o quarto quente e o colchão de espuma que me fazem desejar). Acordo tantas vezes como na noite que lá passei com ela. Masturbei-me uma vez, apenas ao início da noite, mas o desejo continua, inconquistável, pela noite fora. Já terei tido milhões de sonhos eróticos, só me lembro de poucos, mas como este nunca tive, desenhado duma maneira agradável para a minha virilidade. Eu e duas mulheres incríveis, e eu a saltar duma para a outra, o sexo, enorme, pulsando vida e força. Eu, um Deus da sexualidade.


-Gostava de saber insultar. Coisa do Norte, dizem, mas impossível para mim, não consigo descortinar porquê. É estranho vir da Póvoa, terra de peixeiras de coxa grossa e voz forte que, de tanto insultarem os peixes, têm vários nomes para cada um. Ainda mais estranho é o meu pai ser transmontano. Segundo a minha mãe, poveira e minhota, enquanto um minhoto parte um prato um transmontano mata um homem. Eu nem partir pratos* nem matar homens, nem mesmo matar homens com pratos partidos.

Sempre que quero insultar algum indivíduo chamo-lhe trengo, demagogo, estúpido. Isto já nem é à mouro, nem à mariquinhas; isto nem na África sub-sahariana. Vou-me candidatar a um estágio nas Caxinas. Ou no mercado do Bolhão.

*Hoje, recrimino-me, parti um prato. Mas não mato homens. Ainda.


-O Gato Fedorento nunca funcionaria feito por nortenhos: o humor inteligente não se perceberia no meio de tanto asneiras.

-Até os sketches deles que são estereotipados conseguem ser geniais.

-'Você vai quinar'. Algum nortenho de gema diria uma idiotice tamanha? 'Tu bais morrer, caralho! Bais bater a bota! Bais fazer tijolo!' Agora 'Você vai quinar'? 'Bocê bai passar desta para melhor', isso sim!



 
GAMANÇOS
nomes (1)

Maria Joaquina Pando Branquinho
Teresinha do Céu D. Pessoa
Felismina de Jesus

4 irmãs:

Alcina da Assunção Baldo
Clementina do Nascimento Baldo
Júlia da Conceição Baldo
Maria da Anunciação Baldo



segunda-feira, março 07, 2005
 
INSTANTÂNEOS
esparguete à bolonhesa da Knorr

Hoje é o dia mais importante da minha vida adulta. Vou, finalmente, cozinhar cá em casa.



domingo, março 06, 2005
 
INSTANTÂNEOS
apontamentos (5 de Março de 2005)

-Se a Oficina do Livro alguma vez me tentar contratar, não será coisa boa. Ganho montes de dinheiro, torno-me conhecido, mas os meus livros seriam controlados, e é certo que a qualidade decairia de livro para livro.


-A chatice primordial das viagens é, para mim, a estadia. Nestes tempos tenho planeado uma viagem a sós, saco pequeno com a roupa essencial, um bloco, uma caneta e um livro. Repudio a ideia de ficar em hotéis, e pousadas da juventude, sozinho, começam a parecer-me muito desagradáveis. Quando as coisas correm mal e se está sozinho, tudo parece pior. A minha viagem óptima seria ficando em casa de amigos, pelo sofá ou mesmo pelo chão. Tenho de equacionar as minhas hipóteses.


-A Inês Pedrosa, uma das recentes escritoras que captaram a minha atenção, não cumpriu nada do que esperava dela. Isto não é demérito dela; eu é que terei vislumbrado nela algo que lá não estava.

O texto de Inês Pedrosa, editado na Única do último sábado, sobre D. Quixote (que a autora usa apenas como desculpa para o tema a que se propõe), peca por ignorância. Não estou a chamar ignorante à senhora, atenção: apenas digo que, ao pegar na temática quixotesca como ela o faz, deixa no ar a ideia de que não leu o livro. Quase ninguém o leu, afinal. Eu já ando com ele desde Setembro, e é francamente interminável.

Inês Pedrosa, para começar, refere a imagem da 'batalha' do "Cavaleiro da Triste Figura" contra os moinhos de vento, os seus imaginados inimigos gigantes. Ora, esta é a imagem com mais força do livro (da parte que li, pelo menos), mas é de somenos importância na estrutura total da obra. Há pouco tempo li da boca dum especialista em Cervantes que a maior parte das pessoas nunca tinha lido o D. Quixote, e por isso referem tanto o episódio dos moinhos. Obviamente que quem tivesse lido a obra não referiria apenas esse episódio.

Inês Pedrosa continua, dizendo que D. Quixote “tem uma estátua no largo da sua terra, El Toboso”. Quem era de Toboso era a sua amada, Dona Dulcineia del Toboso, e não o nosso cavaleiro, que vinha de “…un lugar de la Mancha, de cuyo nombre nom quiero acordarme”. Ainda há mais: Inês Pedrosa desenvolve, ao longo do texto, uma metáfora a partir de D. Quixote e seu escudeiro, Sancho Panza, e aplica-a à Europa e aos Estados Unidos. As metáforas, como dizia a outra, são como as vaginas, cada uma tem a sua e dá-a a quem o entender. A metáfora que Inês Pedrosa ‘tentou’ congeminar falha logo de início, sem garantir mais que alguns milésimos de segundo de existência. O grande problema aqui foi ter trocado os nomes. Havendo uma Europa, essa será Sancho Panza. Ponderado, seguidor aqui e céptico fala-nas-costas acolá, e que se mete com o seu amo em lutas imaginárias pelos valores da “andante caballería” (como o envolvimento da Europa com os Estados Unidos no Iraque). Inevitavelmente é D. Quixote que dá o corpo ao manifesto, e que leva mais no pêlo (como os Estados Unidos, que já perderam mais de 1.500 homens no Iraque). Sancho (a Europa), que apoia mas não apoia mas acaba por estar envolvido, acaba por levar porrada também. Os Estados Unidos são claramente D. Quixote, que inventa coisas que não está a ver, e que se guia por ideias e métodos desajustados no tempo e no espaço. Gostaram da metáfora, meninos? A da Inês Pedrosa é quase igual, mas exactamente ao contrário. Brilhante, não?



sexta-feira, março 04, 2005
 
NOTAS
nuevas

Começou uma nova aqui no coisas, ainda não repararam? Escrevo muito no meu bloco, e o que escrevo lá, muito mais directo do que escrito no computador, é todo para transcrever aqui. Preparem-se! Ainda vai ser melhor do que a fase da virgindade!




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