coisas do gomes
Este é o blogue do Nuno Gomes, mau futebolista mas incrível jogador de campo minado. Se não quiseres comentar publicamente, não hesites em escrever para aulasdeviolino@lsi.pt. Para consultas urgentes, contactem-me no messenger com aulasdeviolino@hotmail.com. Os meus livros para troca.
sexta-feira, janeiro 30, 2004
 
POESIAS PERDIDAS
timor

Para os dias em que não consigo postar nada de minimamente aceitável, e para vos manter ocupados na vossa labuta bloguística. Escrevi este em 1998. Uns meses antes vinha da Galiza e a minha mãe pôs-me a par da situação em Timor. Quando ela me disse "praí 20.000 mortos", quase me vieram lágrimas aos olhos. Tentei escrever esta sem usar palavras caras, nada. Primitivo, tanto quanto o sentimento.

"hoje, sonhei com timor
sonhei k era morto por meu irmão vizinho
sonhei k era torturado por meu irmão humano
deixado a apodrecer por meu irmão irmão

deixei de sonhar, os olhos abri
vi k era meu irmão k me matava
e meu irmão k me torturava
meu irmão k me deixava apodrecer

fugi para as montanhas altas
deixei meus irmãos de sangue
procurei noite e dia por comida
por comida procurei cansado

amei akelas montanhas, tão altas
k me protegiam a mim e aos meus irmãos
irmãos não de sangue, mas que
da vida e da morte viviam

com meus irmãos matei e tirei
dos irmãos irmãos para ficar
com a liberdade minha, só minha
tão minha que a dei a timor

Março 98"


 
NOTAS
blogues defuntos

Só para esclarecer, os blogues que referi anteriormente Clarah Averbuck e mais ou menos virgem estão mortos, o que significa que as autoras deixaram de escrever para lá há algum tempo. No entanto, elas continuam a responder aos vossos mails (pelo menos aos meus responderam).


quinta-feira, janeiro 29, 2004
 
DEFEITOS
homofóbico, sexista, racista, xenófobo, violento II

homofóbico I
Todo o homem que é homem tem de ser homofóbico. Não há volta a dar, se um homem não soltar um "iarghhhhhurrrrcuicanojo" ao ver dois bichas a beijarem-se é larilas de certeza. Macho não é. Quando são homens a beijarem-se, claro. Se forem duas lésbicas, o padrão do homem-macho até pode achar piada. Até é "fixe" excitar-se com lésbicas. É de homem.

Esta "inquisição" contra os gays tornou-se um tão grande clichê que quando um homem diz que destesta gays, ou é bicha ou então é um bicha sem coragem de se afirmar. E qualquer uma das opções é inaceitável. A presunção de culpa surge se um homem se enojar ou não.

Concluo que sou, também, um homofóbico inconsciente. Não tenho nada contra a homossexualidade, mas não a apoio. Seria como um gay a apoiar a heterossexualidade. Não se apoia algo em que não se acredita. Não consigo é perceber o asco que tantos heterossexuais homens têm aos gays. De certeza que a maior parte deles nunca conheceram um bicha, mas adoram falar mal deles e adoram odiá-los. Como se pode odiar alguém que não se conhece? Algo que nunca se viu? É como não gostar de pretos sem nunca se ter visto um. Eu, admito, nunca conversei com um gay (que eu soubesse, pelo menos!). Talvez com uma lésbica. Mas não tenho preconceitos.

Mas a minha vozinha cá encima é bem homofóbica. Cala-te lá, por uma vez!


 
DEFEITOS
homofóbico, sexista, racista, xenófobo, violento I

Há um monte de coisas que sinto desde sempre. Que permanecem no meu subconsciente, independentemente do quanto eu cresça e do quanto aprenda. Não vieram da educação dos meus pais, não nasci com elas, não concordo com elas, mas estão lá, para o melhor e para o pior. Em múltiplas situações, a minha reacção é muitas vezes errada e inesperada. O mais provável é serem resultado da cultura onde cresci. De certeza que já experimentaram a mesma estranheza, quando a vossa primeira reacção (não necessariamente falada, apenas pensada) é contrária àquilo em que acreditam, quando se surpreendem com vocês próprios. "Eu pensei mesmo aquilo sobre aquela pobre senhora? Coitada..."



 
OCORRÊNCIAS
dinheiro!

Hoje recebi a minha primeira proposta de emprego que pode envolver dinheiro certo. Os arquitectos já me disseram que tão mal de fundos mas, neste momento, qualquer dinheiro é dinheiro.


quarta-feira, janeiro 28, 2004
 
RECORRÊNCIAS
tatuagens

Sou, sem dúvidas, um tipo fácil de convencer. Não me conseguem fazer mudar de opinião, não é isso. Sou um tipo obtuso, não mudo de opinião. Raramente dou o braço a torcer. Estou a falar de quando alguém me vem chamar para beber um copo e tenho alguma coisa para fazer no dia seguinte. Se insistirem suficientemente, eu vou. Nunca esqueço o que tenho para fazer, mas vou. A minha sorte foi ter até agora pessoas à minha volta pouco chatas, e relativamente trabalhadoras. Senão estava perdido.

Isto tudo por causa das tatuagens. Sempre tive um fascínio especial por elas, mas raramente vejo uma que me agrade. Acho que estou mais apaixonado pela ideia do que pela própria materialização. Deixar marcas no corpo do que vai passando. De amores e desamores. De tempos e contratempos. Como um diário, como uma tela.
Já me disseram 'e se depois queres tirar', 'e se te arrependes', bla bla bla. Se achas que te podes arrepender, não há tatuagem para ninguém. Tatuagem é para gente que sabe o que quer, e não para gajos indecisos ou que vão na corrente. E, se correr mal, podes sempre tirar. Não é uma coisa que te estrague a vida.
Já pensei seriamente em fazer uma tatuagem, e continuo com a ideia. Acho que nunca fiz uma porque nunca tive um amigo tatuado, ou porque ninguém me convenceu a ir fazer. É como qualquer outra coisa, à distância pode parecer medonho, mas não é.

Lembrei-me disto tudo por causa da Averbuck. Ela tem montes de tatuagens que apenas acentuam a sua sensualidade. A mulher é um espanto.


 
TRADUÇÕES
asneiras

No outro dia fiz uma listinha rápida de palavras estrangeiras que soam mal para um português. Na Finlândia, rei é coninhas (kuningas) e árvores é puta (puuta). Baca em sueco significa bonita, e em japonês quer dizer estúpido. Também anotei marcas ou siglas, neste caso japonesas, que soam mal aos europeus. Sega, por exemplo, quer dizer punheta em italiano. E mr2 (um modelo do Toyota Cellica), em francês, significa é merdoso.


 
TRADUÇÕES
Nunito de Portugal

Sempre tive o meu nome como uma das seguranças da minha vida. Um nome curto, fácil, luso. Pelos vistos, enganei-me.

Da segunda e terceira vez que fui a Inglaterra, fiquei com uma família onde ninguém chegou a aprender o meu nome. A mãe chamava-me Nino. O pai Numo. E a filha Noodles.

Os italianos com quem estive em Lisboa nunca acertaram com o meu nome. Apesar de lhes ter explicado mil vezes, eles continuaram com a deles. Pelos vistos, o Nuno Gomes em Itália chama-se Nuño Gomes...


segunda-feira, janeiro 26, 2004
 
CONCORRÊNCIA
Clarah Averbuck

Porra, ultimamente só há uma coisa que tenho feito muito. Ler blogues. Nem escrevê-los. Nem trabalhar. Nem fazer coisas giras. Nem fuder (ok, esta era óbvia, né?). Não que me esteja a queixar. Tenho lido coisas fantásticas, comunicado com pessoas do outro mundo.

Tipo aí a Averbuck. Escritora brasileira, pelo que deu a entender, mamã babada e blogueira de eleição. Os blogues brasileiros são muitos e muitos são bons. Os nossos também, e essa é a verdade. Tenho lido coisas geniais, aqui e ali, dos dois lados do Atlântico. Ainda estão a faltar alguns países lusófonos com blogagem, mas há-de chegar o tempo.


 
OCORRÊNCIAS
Miklos Fehér_1979-2004

Estava numa pequena sala, com o meu irmão e namorada, evadidos duma festa de anos de família. Víamos televisão. Às nove e meia, mudou-se para o Canal 1. O jogo do Benfica com o Guimarães já devia ter acabado, estava na hora do resumo. Aparece a Cecília Carmo com um ar embasbacado e incrédulo. Fitava a câmara e repetia 'vamos ver as imagens de novo, ainda não há novidades'. Mostravam então jogadores do Benfica agarrados à cara e os do Vitória atónitos. Uma grande confusão, uma ambulância no campo. Um corpo largado no chão, movimentos de reanimação. E depois a Cecília disse 'vamos ver de novo o momento fatídico'.

A imagem tem uma clareza impressionante. Como se o cameramen soubesse o que ia acontecer. Vê-se o Fehér cheio de vida, alegre, a câmara focando-o, de corpo inteiro. Parecia sorrir para o árbitro, tinha acabado de levar amarelo. Quem visse a imagem retirada do contexto teria a ideia de alguém luminoso, na força da vida, atlético e belo. Um Deus com um uniforme encarnado. Então ele roda sobre si mesmo. Será esta a última vez que veremos Miklos a sorrir. Afasta-se dois passos e pára, uns segundos passam, então a dor surge. Agarra-se ao peito e cai, já sem força nos membros. Como uma Torre Gémea, a queda é repetida vezes sem conta. Alternadas com as imagens de dor dos jogadores e a expectativa dos adeptos.

A vida perdeu força, hoje. Morreu um guerreiro dos relvados.


sábado, janeiro 24, 2004
 
OBRAS
comentários

Há uns posts atrás anunciei a minha mudança de sistema de comentários, mas estou com dúvidas. Assim ia perder um património inestimável, que são os vossos cometários, e este sistema também tem coisas boas. A ver vamos.

Qual é a vossa opinião?


 
DEFEITOS
franganito desconcentrado

Pouco depois de ter nascido, a minha avó olhou para mim e disse: "este não dura muito". O raquitismo que tive e que quase me tirou a vida moldou o meu corpo e esqueleto. Acho que nunca vou ser gordo, apesar de não ser 'magro'. Tenho uma resistência e poder físicos pouco acima do zero. Uma asma que só surge nas piores alturas. E uma capacidade de concentração vergonhosa. AInda não percebi bem porquê mas consigo fazer melhor uma coisa à primeira ou à segunda do que à décima oitava vez. Consigo fazer a primeira piscina com a respiração e os movimentos bem coordenados. Quanto mais piscinas faço, pior sai. Quase me afogo. A minha última aventura no desporto é o ping-pong no Pocinho. De início ganhava bastantes jogos. Agora costuma perco por 8-1. É verdade que a minha parceira de jogo tá cada vez a jogar melhor, mas eu cada vez pioro.

Até à universidade vivia com o estigma de ser mau nos desportos. Acho que para um adolescente em qualquer parte do mundo ser um mau futebolista tira-lhe parte do gozo de ser adolescente. O gozo passa a ser dos teus colegas em relação a ti, ao que se junta o desdém das raparigas. Não foi fácil, digo-vos.


sexta-feira, janeiro 23, 2004
 
RETROCESSOS
chavões II

Há certos comportamentos que nunca percebi nas pessoas. Escrito ou falado, as palermices são iguais. Por exemplo, este gajo que diz no mais ou menos virgem "Nunca imaginei que alguém pudesse por a sua virgindade a "leilão" na net (desculpa o termo)." Se logo a seguir escreve 'desculpa o termo', porque se deu ao trabalho de escrever as asneiras? Porque não escreveu outra coisa, então, se achava que podia ferir susceptibilidades? É como dizer 'perdoem-me a expressão' e depois dizê-la!

Hoje o Domingos Gomes dizia na tv algo como 'como dizem hoje em dia os jovens, passei-me'. Porque não disse 'passei-me' e prontos? Porque fez a introdução antes?

Também há aqueles tipos que estão num concurso de televisão e lhes perguntam onde trabalham e eles, entre sorrisos, perguntam 'posso dizer? É na Conforlimpa.". As pessoas têm esta ideia que não podem dizer marcas na tv. E porque não?

Outra coisa que me irrita (e que tenho lido bastante no blogue da nossa amiga) é de gajos que se acham muito sensíveis por dizerem 'tenho prazer em fazer prazer à mulher' ou 'tem de se respeitar os sentimentos das mulheres' e afins. Essas coisas são tão óbvias, que o facto de certas pessoas o dizerem me leva a pensar como serão essas pessoas. "Normais" não são de certeza. Talvez normais.


 
OCORRÊNCIAS
sonho violento

Recebi ao bocado uma mensagem de uma conhecida de há muito, que me dizia "hoje sonhei contigo. espero que esteja tudo bem contigo". Pergunto-me o que me terá feito ela no sonho...


 
CONCORRÊNCIA
mais ou menos virgem

Tirado do blogue:

Os meus piores defeitos
Antes de pensarem duas vezes, aqui fica o aviso:
» Sou uma fumadora compulsiva e não me apetece nada deixar de fumar.
» Gosto de vida nocturna e não vou deixar de sair para ficar em casa com o namorado nem com o marido nem com ninguém.
» Sou divertida e atraente. Tenho sempre "interessados" à volta. Não suporto ciúmes. Exijo que confiem em mim. Sou o inferno dos ciumentos.
» Sou indomável. Desde criança que tenho alergia à palavra "obediência".
» Sou arrogante e convencida. Mas não se nota nada, pois não?
» Sou independente. Também não quero que dependam de mim.
» Sou muito sensível e vi-me forçada a desenvolver mecanismos de sobrevivência altamente sofisticados que protegessem qualquer sinal de vulnerabilidade. Por isso pareço fria e distante quando devia mostrar mais emoção. Mas mais vale prevenir do que chorar.
» Às vezes posso ser bruta com as palavras, mas não sou falsa. Nos dias que correm é um grande defeito.


No outro dia conversava com o meu irmão que tudo o que se cria tem um antecedente. Até os grandes filósofos gregos tiveram pessoas que os precederam e lhes deram as bases para crescerem. Mas esta menina consegue ter um blogue tão parecido com o meu que me leva a pensar, 'será que, em sonhos, visitei o blogue dela e copiei tudo'? Pois, isso nem eu sei dizer.


 
NÃO-DEFEITOS
não me peçam para ajudar

Durante o curso, conscientemente ou não, passei ao lado de ajudar os amigos. Sempre que havia entregas e havia amigos atrasados, ninguém me pedia para ajudar. Já me deviam conhecer. Fazer maquetes ou montar folhas ou imprimir projectos dos outros não era para mim. Se me pedissem para escrever uns textos ou corrigi-los (acho que isso até fiz), eu fazia. Se me pedissem boleia até Faro, e que os trouxesse de volta, tudo bem, eu adoro conduzir. Agora outras coisas não. Acham que me devia recriminar por isso? Eu acho que não. Acho que o problema de infelicidade de muita gente vem de se recriminarem por coisas idiotas que nem estas. As pessoas não têm consciência destas coisas? Do que é ou não importante para elas? Do que não gostam de fazer? É verdade que quando se tem um amigo em aflição, deve-se fazer tudo para o ajudar, mas há pessoas mais propícias a isso, ou não?

Hoje, ao ir almoçar a casa da mamã, passei por uma senhora com problemas para ligar o carro. Logo a seguir passei por um homem a tentar mudar o pneu do carro. Olhou para mim com uma cara tão desolada, mas nem pensei em parar para ajudar. Seria da morrinha chata que caía, do facto de ir de bicicleta e dar trabalho parar e arrancar, ou do facto de serem duas e meia e ainda não ter almoçado? Não sei. So sei que não parei.


 
CONCORRÊNCIA
mais ou menos virgem

Uma companheira de luta, um bocadinho mais velha, mas nunca é tarde para se ser virgem.

Ao ler este blogue lembrei-me de vos dizer uma coisita que sempre me esqueci. Sou virgem porque sou muito esquisito a escolher. E é tudo.


 
INSTANTÂNEOS
gramática

Mais um texto com pontos de exclamação e a acabar em reticências e expludo! Juro...


 
INSTANTÂNEOS
175

Ai, tou tão orgulhoso! Sou o 175º blogue mais lido em Portugal! Com umas míseras 15 visitas por dia! País pequeno o nosso...

Mas não um mau país, atenção! Eu não disse mau, só disse pequeno. Ufa...


 
CONCORRÊNCIA
trenguices

Neste texto, o gajo escreve o que eu penso. Palavra por palavra.

Póvoa do Ave; 2030
"Taimes"; 15 de Janeiro de 2030

A partir de hoje, a cidade de Póvoa do Ave é a única cidade do mundo capaz de suprir a totalidade das suas necessidades energéticas utilizando exclusivamente energias renováveis.
Finalizado este projecto pioneiro - baseado na obtenção de energia "limpa" a partir da natureza: solar, eólica, marítima - a Póvoa do Ave assume-se, cada vez mais, como o polo urbano mais importante do norte de Portugal. Aproveitando a proximidade das grandes cidades Galegas - 5 minutos de táxi aéreo e 20 minutos em carril - e a estagnação das degradadas Gaia e Porto, a Póvoa do Ave desempenha um papel de cada vez maior relevo na panorâmica Ibérica.
Conhecida como a "Beverly Hills" da península Ibérica pelo seu clima temperado, suas paisagens e praias limpas e descontaminadas, mas também pelas suas luxuosas vivendas em Beiriz e Laúndos; pelas mansões senhoriais de Junqueira e Malta; pelas marinas e infra-estruturas marítimas; pelos magníficos e omnipresentes espaços verdes planeados pelos melhores arquitectos paisagistas; pela imponente marginal à beira mar - entre Estela e Árvore -, implantada depois da demolição da maior parte dos horríveis edíficios aí existentes, repleta de animação e "glamour", com fantásticos hóteis, restaurantes, teatros, galerias de arte, esplanadas sobre a avenida pedonal e uma panóplia de equipamentos de lazer e cultura.
Esta importante e moderna cidade merece também destaque na área económica, dada a sua ascensão fulgurante no panorama internacional. A isto não é estranha a preferência dos gestores e investigadores de topo mundial - num quadro de crescente insegurança e poluição global - pela permanência neste território que foi adquirindo uma forte imagem de oásis Europeu. Os polos de alta tecnologia surgem em ritmo acelerado e a disputa por concessões de instalação são fortíssimas. Impressionante também é a zona financeira, instalada na Praça do Almada e imediações, qual "Wall Street" Portuguesa, com sedes dos grandes grupos bancários, corretoras, edifícios majestosos de "private banking", fundações, bolsa...
Para um futuro breve - e muito pela influência e empreendorismo do actual Governador, o jovem e dinâmico Miguel Sampaio Peliteiro, com apenas 34 anos - espera-se a instalação do maior complexo de estúdios e produção cinematográfica do mundo, resultado da fusão das três maiores companhias cinematográficas, que transferem a sua actividade de Holywood para a Póvoa do Ave, num investimento global de muitos milhares de milhões de euros, a criação de 9.000 postos de trabalho altamente diferenciados e um impacto de 5% no PIB nacional.


Vamos juntar as duas cidades! Vamos ser grandes juntos!


 
CONCORRÊNCIA
Lénia Rufino

Não tenho grandes palavras para descrever a beleza em estado puro dos textos/poesias/odes desta moçoila. Fica tudo pálido junto do que acabei de ler. Aproveitem para ler o site genial que ela tem com o ex-home dela, o que eu escrevo do que tu pintas. De perder a respiração.


 
GOZO
Anabela Mota Ribeiro

Ok, não vou aqui descascar na pobre da rapariga. As intenções até são boas. Mas depois de ler algo como "3.12.03 Trasmontana que sou, cedo me habituei ao frio lá fora. Mas nunca me habituarei ao frio dentro dos corações. Passeava ontem pela baixa de Lisboa e vi o actor John Malkovich, presença habitual por estas paragem, a olhar a montra de uma loja de roupa. Não resisti, porque aprecio o seu trabalho há muito, aproximei-me e meti conversa. Perguntei-lhe se não preferia esperar pela época dos saldos que sempre é mais em conta. Ele olhou para mim e, durante breves segundos, parecia que ia dizer qualquer coisa. Depois virou-me as costas e continuou a andar sem uma palavra. A dor sente-se... mas às vezes também se vê.", o que surge imediatamente? Sim, um sorriso indisfarçável, não é? E este nem é dos piores. Outras pérolas esperam por vocês.


quinta-feira, janeiro 22, 2004
 
CONCORRÊNCIA
Anekee

Durante uma das minhas longas e solitárias buscas na internet, dei de caras com uma rapariga que me chamou a atenção. Não só pelo corpo bestial e pela cara simpática, mas por tresandar a Europa, a cultura, e a estilo. Ao contrário daquelas pin-up's americanas com páginas estereotipadas, surgiu-me esta beldade holandesa com cheiro de alfazema e sândalo. Ok, quem vê caras não vê corações. Mas vejam este site, e "tentem" ler os textos. Por mais difícil que possa parecer.

During one of my long and lonely searches through the internet, I came across one girl that caught my atention. Not only because of her great body and friendly face, but also because she stinks of Europe, of culture, and style. Opposed to all those american pin-up's with stereotyped pages comes this dutch beauty with the smell of lavender and sandalwood. Ok, faces don't show you the heart. But do check this site and "try" to read the texts. As hard as it might seem.


 
RECORRÊNCIAS
pedófilos

Um tio meu proclamou, há uns tempos atrás num jantar de família, que 'se os pedófilos são considerados doentes, os homosexuais também deveriam ser considerados doentes'. Ficou tudo sem saber bem o que responder a tão bombástica declaração. Já referi esta ideia do meu tio numa conversa. A conversa ficou por aí, porque pelos vistos quem ouviu ficou tão chocado que se recusou a continuá-la.

A minha interpretação do que o meu tio disse é bem simples, apesar de não ter a certeza se ele concordaria comigo. Uma pessoa que se sente atraída por crianças não é, por natureza, uma pessoa má. Apenas tem uma orientação sexual específica. O errado na pedofilia é que mexe com crianças, que não têm escolha na matéria e são abusadas. Parece-me que uma pessoa com essa orientação sexual é uma criminosa apenas quando comete um acto pedófilo; só alguns nascem pedófilos, mas ninguém nasce criminoso. Uma pessoa que se sente atraída por crianças não pode deixar de sentir isso. Não é uma doença que se possa curar. Tem é de se refrear. De certeza que existem em Portugal milhares de pedófilos reprimidos. Tenho pena deles, mas ainda bem que se reprimem.

A homossexualidade é uma orientação sexual como outra qualquer. Quem vê a pedofilia como uma doença também tem forçosamente de ver a homossexualidade como uma doença. Ambas são desviadas da orientação sexual "normal", a heterosexualidade. Mas normal para quem?


 
INSTANTÂNEOS
desespero

Basta! Vou-me embora para a Póvoa. Isto já era difícil sem amigos, mas com frio, sem sol e sem impressora a funcionar? Adios, Foz Côa!


 
OCORRÊNCIAS
Hank Chaninsky

Hank Chaninsky morreu. Lia o blogue dele de tempos a tempos, mas gostava sempre da sua maneira maluca de ver o mundo à sua volta. Descansa em paz.


 
INSTANTÂNEOS
Pocinho

Já há alguns meses que o meu desterro se chama Pocinho. Como tem sido a minha vida por cá? Alegrada por amigos que estão ausentes. Inundada por um amor que já não existe. Rodeada por natureza que nunca vejo porque é de noite quando chego do trabalho, e de manhã há nevoeiro. Há coisas boas. Comprei umas colunas para o portátil, e posso ver filmes quase como no cinema. Tenho aquecedor e lavatório no quarto. Muita calma e sossego. Tenho um café com ping-pong e bilhar a três passos. Campo de futebol e piscina já aqui. A quatro passos tenho o comboio, uma mercearia e um restaurante. Também há coisas más. Não há rede para o telemóvel. A televisão apanha mal a 2:. Um flatmate impróprio. Frio e nevoeiro no Inverno. Calor tórrido no Verão. Um cheiro estúpido da fábrica da azeitona agora em Janeiro. O barulho da barragem a funcionar, que ainda está para vir. Casas feias sem assunto.

Ainda assim, o Pocinho tem algo que nunca vi noutro sítio do mundo, e provavelmente nunca verei: uma discoteca aberta todos os dias.


 
OBSESSÕES
sensible soccer

Desde que o Porto perdeu 3-1 contra o Real Madrid, ganhou todos os jogos contra os madrilistas, e por mais de dez golos. Os melhores marcadores são Domingos e Kostadinov, com uma média de 6 golos cada. Dez bolas ao postes por jogo. Não há foras de jogo, obviamente. Uma falta só é amarelo se for perto da área. Jogadas fantásticas.

Alguém se lembra deste joguito primitivo? Os bonequinhos minúsculos atrás de uma bola saltitona? Sempre em frente e é golo? Pois é, eu também.


 
INSTANTÂNEOS
pergunta sem resposta

Ao pouco jogava computador e pensava “será que preferia estar ali na cama acariciando uma uma mulher risonha que me quisesse? claro que sim. mas porque tou aqui a jogar esta porra?” Gostava que a vida fosse tão fácil de responder como esta pergunta idiota.


terça-feira, janeiro 20, 2004
 
CRÓNICAS
férias das férias V

Está na hora de acabar estas crónicas, antes que o pouco que ainda me lembro se torne uma memória duma memória. Tenho para com Lisboa uma relação de amor-ódio, de amor e indiferença, de cegueira e clarividência. Mixed fellings. Quando estou cá em cima parece-me a capital dos ricos, dos mal-educados sulistas elitistas, porca, desregrada e turística. Quando lá chego nem todos estes preconceitos se desvanecem, mas a maior parte sim. É uma cidade luminosa e bela, mesmo com céu encoberto e com frio. Tem turistas, é verdade, mas é um prazer andar pelas ruas íngremes do Bairro Alto como se estivéssemos numa aldeia, com as velhas à janela e os vasos nas soleiras.

Nesta passagem de ano, Lisboa ia para mim ser muito mais bebedeiras e Erasmus e shots. Fiquei num sítio delicioso em Santos, que consistia em três apartamentos que tinham sempre as portas abertas. Isto resultava numa comunidade internacional de 16 pessoas, e apenas duas eram portuguesas! Nesta passagem de ano, como é óbvio, não estavam lá todos, mas os poucos italianos residentes estavam e tinham trazido amigos. Praí uns doze italianos, ao todo. Tudo bem, eu gosto de italianos. Pena foi os ravioli de merda não terem trazido amigas. Aí gostava deles ainda mais. Um dos italianos, apelidado pelos amigos de Marga, é o maior armário que já conheci. Dois metros bem medidos, ombros larquíssimos, mohawk curtinho e cara de poucos amigos. O Onga era residente, tinha um metro e noventa e cinco e era o que se chama um 'amigo dos amigos'. O Camus era o estiloso, o poeta, e tinha praí um metro e oitenta e cinco. Escusado será dizer que se conheceram os três numa equipa de basquetebol, em Regio Emilia. O misu era um loiro bem-disposto com cabelo curto e casaco de couro. Os outros amigos eram bem mais mediterrânicos, da minha altura ou ainda mais baixos. Marcelo era o conquistador italiano dos filmes, exímio cozinheiro e que só se interessava por duas coisas, 'comer e foder' (nem lhe perguntei por que ordem, mas prontos). Depois havia o Arturo, que era, nas suas próprias palavras, um 'italiano típico', e um outro tipo que tava sempre calado, agarrado a outro qualquer e com aspecto de sono.

Adorei estar com estes tipos. Eram mundanos e divertidos, estavam sempre a tocar-se e a brincar. Senti inveja da amizade que eles tinham.

De volta ao apartamento. Quando cheguei fui despachado para um quarto dum tipo que de alemão não tinha nada. No que diz respeito a arrumação, pelo menos. Deve ter saído a correr, só pode. O quarto da minha amiga tinha um andaime com a cama por cima. Como os tectos eram altos, ela podia ter uma autêntica sala por baixo. Havia sofás e cadeiras por todo o lado, o que tornava o apartamento bem confortável.

Também tinha dois gatinhos recém-nascidos, que tomaram de assalto uma das salas. A minha amiga disse-me que 'eles eram impecáveis, até já faziam as necessidades na areia e tudo!'. Resta saber o que os rebentos entendiam por areia. É verdade que havia um vaso que até tinha areia, mas não me acredito que ela se estivesse a referir a isso. Talvez ela se estivesse a referir ao sofá, local de excelência para eles se livrarem das necessidades. Lá se foi a ideia do 'gatinho de estimação', até porque o dono do meu quarto, o Carsten (sim, eu também fiquei assustado quando ouvi o nome) era alérgico a gatos.

Foi uma boa passagem. Vi finalmente o filme "Rocky Picture Horror Show", conheci pela primeira vez uma norueguesa e, melhor de tudo, conheci uma tripeira gostosa chamada Catarina. Ai que ela era gostosa. Tenho de voltar a Lisboa um dia destes...


 
DEFEITOS
Odete Santos quando nova

Quem ler este blogue fica com a ideia que aqui o Gomes é um monte de defeitos. Um bicho feio sem hipótese de salvação. Uma Odete Santos. Costumo pensar que sou igual a ela quando nova. Nunca vi fotos dela dessa altura, mas não acredito que ela já tivesse então a mesma barbela, ou duplo-queixo (ou triplo, no caso dela). Devia ser algo camuflado. Ou disfarçado.

Em metade das minhas fotografias tenho barbela (não é barbarela, atenção, isso é um mito urbano). É verdade que muitas dessas fotos foram tiradas com a máquina muito perto de mim, o que me fez puxar a cara para trás, e daí a barbela. Outras vezes a maldita apareceu quando estava a fazer caras feias. Não sei porquê mas sempre que oiço 'olhó passarinho' tenho uma necessidade premente de me cobrir de ridículo.

Pensando bem, só vejo a barbela nas fotos ou quando faço caretas ao espelho! Será que ela existe mesmo? Hum... As máquinas fotográficas reflex também têm espelho... Será um complot dos espelhos para me tramar? Tenho de ir ao fundo da questão!


segunda-feira, janeiro 19, 2004
 
DEFEITOS
fala mais baixo que não me ouço

Falo muito alto. Quem me mirar pela primeira vez nunca o diria, penso eu. Baixinho. Fraquinho. Com um aspecto inocente. Sou um gajo que entra num café e as pessoas já estão a olhar para a porta, à espera que entre. Já me estavam a ouvir quando ainda estava na rua.

Ainda há outra coisa a piorar a situação: falo muito rápido e enrolo as palavras umas nas outras. E às vezes começo a falar sobre sardinhas, e em vez de sardinhas digo carapaus. O que pode haver pior do que um gajo que toda a gente ouve mas que diz coisas como 'traga-me o tronco, estamos com fome!'? Ok, aqui estou a exagerar.

Tenho chegado recentemente à conclusão de que também dá jeito ter um megafone como boca. Quando tenho de apresentar um trabalho, nunca me pedem para falar mais alto, e assim não me interrompem.

Também já notei que quando tou com uma garota a voz muda de 'altíssimo-bárbaro' para 'baixíssimo-maricas'. São coisas que a cona tece.


 
INSTANTÂNEOS
esperança

Anteontem mandei o texto as lições da mestre Lurdes para as Produções Fictícias. Lá existe um fórum onde se pode deixar textos de humor. Eles lêm e depois dizem algo. Eu sei que os leitores do coisas pouco ligaram ao texto, mas continua a ser o meu preferido. Aquele em que investi mais.


 
LEITURAS
Gabo

Comecei ontem a ler um livro muito adiado, Cem Anos de Solidão de Gabriel García Marquéz. Um título apropriado para mim, não? Ai lá tou eu a ser lamechas...


domingo, janeiro 18, 2004
 
RECORRÊNCIAS
Espinosa

Já o analisei e já o referi num trabalho da uni: o corpo altera o espírito, e vice-versa. Quando estamos mal-dispostos, começámos a pensar de maneira diferente. Às vezes, os nossos pensamentos podem deixar-nos indispostos.

Nos últimos dias andei com dores de cabeça e um mal-estar contínuo. E, consequentemente, andava meio duvidoso das coisas. Por uns dias, a minha pareceu vida pareceu ter perdido o sentido. Tudo regado a alcóol, óbvio. Acho que agora estou melhor. Hoje só bebi chazinho.


 
OBRIGAÇÕES
Pedro Tochas

Sim, é o gajo do anúncio da Frize. Sim, é o "jovem" ou o shorty do Programa da Maria. Sim, é um malabar fantástico. Sim, é um espontâneo tremendo. Nunca pensei que alguém pudesse concentrar todas estas características. E, sim, ele é português! Hoje era dia de work in progress no Campo Alegre, No Porto. Um espectáculo sem guião mas completamente arrebatador. O tipo faz tudo, e tudo bem.


sábado, janeiro 17, 2004
 
MOCAS
confusão

Porque tenho o desejo que as coisas más aconteçam? Porque tenho vontade de começar zaragatas? Porque tenho essa sede de confusão?


 
MOCAS
não quero mudar

Desde há muito tempo que tento fazer as coisas à minha maneira. Posso orgulhar-me dizer que, até agora, fiz quase tudo como quis. Se não fizesse o que achasse que era mais natural para mim, não estava a ser sincero comigo.

O que me irrita mais são pessoas que me tentaram persuadir a mudar por causa dos outros. Por causa das mulheres. Houve uma altura em que ainda pensei que devia mudar para melhor me enquadrar na sociedade. Em que achei que o erro era meu.

Só me apercebi do ridículo da situação quando estava a falar com uma amiga que me disse que eu era muito auto-confiante e deixava as outras pessoas pouco à vontade. Uns dias depois outra amiga disse que me achava pouco confiante e que as mulheres gostavam de homens que fossem o oposto de mim.

Sabem o que eu digo? Vão todos à merda! Opinem sobre o que quiserem, mas não esperem que mude por causa da vossa opinião. Se me dou mal, não sou eu que devo mudar!

Nem imaginam, tenho uma confusão tão grande na tola que nem consigo articular os pensamentos.


 
MOCAS
personalidade

A coisa mais atraente que uma mulher pode ter é a sua inteligência e personalidade. Hoje fui sair ao Porto. Vi montes de mulheres atraentes. A que me pareceu mais atraente de todas era um menina que conhecia cá da Póvoa. É linda de morrer. Tem um corpo bestial. À semelhança de muitas que vi hoje. Não consegui tirar os olhos dela por já a conhecer, e conhecer a sua personalidade inteligente sorridente.


quinta-feira, janeiro 15, 2004
 
INSTANTÂNEOS
brusquidão

Ainda estou a tremer. Que raio de manhã. Destesto quando isto acontece. Destesto tomar decisões em estado de fúria e sem considerar bem as coisas.

Erro nº1
Primeiro pus-me a responder a um texto duma mailing list em que participo, a bonsai-pt. Mandei para lá um forward sobre um puto que precisava de sangue. O moderador da lista lembrou-se de telefonar para o número de telefone e descobriu que aquilo já estava resolvido à dois meses. E começou a tripar comigo. Nem pensei duas vezes e escrevi para lá um mail super-sério a tripar com eles. Só depois de reler o texto é que me apercebi da burrada. Ele até foi simpático comigo.

Erro nº2
Pus-me a resmungar com uma das pessoas que moram comigo no Pocinho. Ele não será o melhor flatmate do mundo, mas tentei atingi-lo com uma coisa que eu tinha feito! A banheira estava cheia de pêlos, pêlos esses que lá foram deixados por mim. Comecei a discutir com ele e comecei a tremer, coisa que destesto. Passado uns segundos voltei lá e pedi-lhe desculpa. Chegámos à conclusão que o que estava a acontecer era algo como 'tu não lavas, eu também não lavo' em relação a tudo na casa. Acho que chegámos a algum tipo de acordo. Espero. Já quando morava em Guimarães comecei a discutir com o meu flatmate da altura por coisas que não eram culpa dele. Jurei que nunca mais.

Se há coisa que detesto é esta tremideira. Acontece quando me exalto com alguém ou quando estou em intimidades com uma mulher pela primeira vez. Merda.




Este post acalmou-me.


 
INSTANTÂNEOS
defeitos

Hum, tenho a impressão que os textos do DEFEITOS podem dar a impressão errada. Sei que tenho defeitos. Vejo o DEFEITOS como uma catarse. Tenho sido sempre sincero aqui, e esta série de textos temáticos são apenas mais uma forma de melhorar. Acho que a melhor forma de começar a melhorar é admitir as minhas próprias falhas.

Ah, CM, se tivesse criado este blogue para aumentar as minhas hipóteses de conhecer mulheres, não escreveria o que escrevo.


 
OBRAS
comentários

Estou neste momento a mudar o sistema de comentários, da blogger.com.br para o comentar.com.br. Os comentários antigos vão-se perder, sinto muito. Este novo sistema de comentários permite-me recebê-los no meu mail também, e posso assim responder aos comentários mais rapidamente sem ter de andar a catá-los no blogue.

Sinceramente vosso,
Gomes


quarta-feira, janeiro 14, 2004
 
OBRIGAÇÕES
retrolounge

Não sou um tipo nostálgico. Na realidade, irritam-me as pessoas que parecem viver no passado. Que ignoram o presente. Há coisas bonitas do passado, mas não sinto qualquer fascínio por elas. Este site é, pelo que me apercebi, um índex de páginas que abarcam arte do século anterior, entre publicidade, fotografia e muito mais, tudo na onda retro. Ainda não explorei devidamente o site, mas vi o suficiente para ficar burro com a quantidade de coisas disponibilizadas. O design é bastante simples mas eficaz.


 
DEFEITOS
os macacos libertos

Este nova série de textos dedica-se a explorar a sombria e imunda Galáxia dos Defeitos do Gomes. Dentro dessa galáxia existem vários sistemas solares que interagem entre si, provocando explosões de dimensões cósmicas, enojando todas as galáxias mais próximas, as galáxias das minhas (espero, muito numerosas) coisas boas.

Alguns dos meus defeitos vêm de viver sozinho (sem parceira), ou de ter pais muito permissivos. Não sei em que altura da minha história, ganhei o hábito delicioso de libertar os macacos da jaula que é o meu nariz. Estou a ver televisão ou a comer e ouço os seus gritos de desespero, as suas súplicas para que os liberte. Claro que não sou nostálgico. Faço questão de os enviar para bem longe de mim. Não os ia deixar no regaço da toalha; assim os macacos não conseguiriam apreciar a nova liberdade.

Esta ideia de atirar tudo para longe é mais uma mania minha; começou na praia da Póvoa, onde a areia é grossa. Uma vez irritei tanto o meu irmão que ele teve um ataque de fúria e começou a espancar-me. Não foi bonito. Também atiro grãos de arroz. Pevides de laranja. Bolinhas de papel. Na minha mão tudo que é pequeno e redondinho torna-se numa arma terrível para atirar aos meus inimigos.


terça-feira, janeiro 13, 2004
 
CRÓNICAS
férias das férias IV

Por lapso indesculpável, acabei por não acabar de acabar as minhas crónicas das viagens. Faltaram coisas boas e más.

Primeiro as más: sempre que passava um comboio a parede abanava e eu não conseguia ler. Prontos.

E, agora, as coisas boas. Na viagem de ida tinha como vizinhos de viagem um casal de terceira-idade. Minto. Seria mais entre a segunda e a terceira-idade. Já tinham passado a crise da meia-idade. Praí entre os 40 e os 70. Ok, eu admito, não tenho jeito com as idades. Mas eles eram mais velhos que eu, isso é certo.

Tenho um defeito (um entre muitos - ainda hei-de blogar sobre quais são esses meus defeitos): avaliar as pessoas pelo aspecto. Há quem, quando primeiro vislumbra uma mulher, o faz começando pelos olhos. Outros pelas orelhas. Eu começo pelos sapatos. Alguém que use aqueles sapatos bicudos é alguém que prefere a imagem ao conforto. Como eu sou o oposto completo, começo logo por antipatizar com a pessoa ainda antes de a conhecer. Esse casalito era típico jet-set português, apesar de não terem a exuberância que se vê nas revistas. Ela era loira, ele usava sapatinho de vela com meia branca. Liam entretidos revistas desse mesmo jet-set a que eu supunha eles pertencerem. Quando o marido foi ao quarto-de-banho, ela parecia fitar o infinito, escondido talvez num dos bancos à sua frente. 'Deve estar a suspirar da vida de merda que deve levar, de uma revista de jet-set para a outra. Ou então está chateada por o marido já não dormir com ela há anos.' pensava eu, com um sorriso sarcástico. Então comecei a observar com mais atenção, a tentar ver para além dos meus pacóvios preconceitos. Via o marido a fazer-lhe festas, e a dar-lhe a mão enquanto lia a revista. O melhor foi quando ela passa à frente dele e ele lhe manda um valente apalpão no rabo. Velhote maroto, hem? Concluí que ela teria algum tipo de enjôo ou uma doença crónica ou estaria mesmo a recuperar duma operação. Via o marido a confortá-la e a falar-lhe, como que dizendo que 'tudo vai melhorar.'

O amor assim é bonito. Malvados sejam os meus preconceitos.


 
FICÇÕES
as lições da mestre Lurdes

A manhã começara dura. E fria. Nunca pensei acordar no chão agarrado à coluna da aparelhagem como se fosse uma almofada. Já há muito que havia abandonado o suave trilho entre os sobreiros. Andava perdido pelo meio dos matos, entre os cardos e as azinheiras. Do nascer do sol ao seu pôr, era um acumular de fraquezas de carácter que me infligiam amargos insuportáveis. Ainda no dia anterior tinha deixado as minhas vestimentas a secar. A urze estava sem brilho, o que mostrava com grande verdade que o céu estava encoberto e não tardaria a chover. Como ainda ignorava o “caminho da verdade”, fui à mais importante assembleia de anciãos da época com o meu traje húmido, assim como o meu nariz. Os anciãos não gostaram, e começo a ver a minha situação na tribo tão cambaleante como a do coelho mordido pelo açor. Essa manhã, que comecei no chão como o mais reles dos animais rastejantes, viria a ser o que agora gosto de referir como “iluminação”.
Passei pela dona Lurdes que, cândida como a andorinha primaveril sobre o fio da electricidade, fazia crochet "pousada" na sua cadeira alta, com as pernas cruzadas no que agora sei ser a “posição do alecrim”. Como sempre, o seu olhar acompanhou o cambalear dos meus pés enquanto dizia ‘bom dia, senhor Cardoso’. Dona Lurdes tinha sido desde sempre a xamã do meu clã, ainda antes de o meu avô se estabelecer como líder da tribo. Ninguém sabia de onde vinha nem qual os seus parentes, mas tinha aparentemente sido aceite no nosso grupo sem grande contestação. Nunca ninguém a via a executar as suas tarefas. Levantava-se muito antes do garnizé e então executava de forma célere os trabalhos do dia. Desde que viera trabalhar na minha habitação, nunca na minha presença soltava qualquer tipo de som, excepto quando me saudava, de manhã e à noitinha. Durante o dia era fácil encontrá-la: ou tricotava na sua cadeira alta num canto do corredor, ou podava as glicínias na varanda para o jardim.
Quando cheguei à cozinha, lá estava a minha caneca com o carvalho desenhado, que tinha recebido do meu pai no leito da sua morte. Dentro dela fumegava o meu café com leite, que todas as manhãs tomava para me aligeirar a fronte e estimular os sentidos. Mais estremunhado que o costume, peguei na caneca sem gastar com isso mais do que dois momentos da minha atenção. E logo a larguei, soltando um urro que acordaria o grande lince da serra. Estava cálida para além do suportável, ali jazi no chão durante longos momentos, agonizando na minha própria imbecilidade, entre os destroços do que antes era a minha caneca. Então virei a minha atenção da minha mão encarnada para o corredor, por onde conseguia entrever dona Lurdes, tão pequena e insignificante no alto da sua cadeira quanto o pinto nas garras da águia-real. Olhava-me com os seus pequenos olhos, claramente reprovando a minha acção. Com um salto ágil largou a cadeira e dirigiu-se na minha direcção na sua maneira peculiar de andar, que consistia em passadas curtas mas muito rápidas, como a alvéola à procura de comida.
Já na minha proximidade, agachou-se e pegou na minha mão e, com um movimento rápido e treinado, tirou de baixo do seu avental branco uma unção, que rapidamente aplicou na minha mão sofrida. Então virou os seus olhos de azeitona por colher e proclamou, apontando com o seu dedinho para o pedaço de caneca mais próximo ‘vê como as gotas de vapor de água se acumularam nas faces da caneca? Tem de deixar esfriar até elas desaparecerem.’ Observei atónito enquanto ela graciosamente recolheu os pedaços de caneca à minha volta. Com a minha mão já sem agruras, e de volta à sua cor rosa de flor, fui ao encontro dela. Com a tesoura de poda na sua mão direita, olhava o penhasco com a mão esquerda a travar o sol. Quando pressentiu a minha presença, pousou a tesoura, apontou para um ninho de abutre e, proclamou, com uma força que a sua avançada idade não indiciava, que ‘assim como o grifo mostra à sua cria o voo, também o ensinarei a andar sem afugentar os estorninhos do salgueiro.’ Então deixou-me para voltar para a sua costura.
Antes da alvorada seguinte esperei pacientemente à porta do seu quarto. Queria saber os seus ensinamentos, mais do que o próprio respirar. Era grande a ansiedade, apenas comparável com a sede de saber que sentia. Então começaram novas eras de conhecimento, quando ela, sempre de madrugada, me ensinava a ouvir a gota única de fairy a cair na água da louça ou a saber interpretar, através da espuma do leite, os desígnios dos astros. Os ensinamentos da mestre Lurdes, como lhe passei a chamar, trouxeram-me uma quietude de espírito inabalável que me permitiram triunfar na assembleia de anciões à maneira, como eles referiram, do meu “saudoso avô”.
Não posso dizer que a minha vida tenha melhorado depois da mestre Lurdes, porque o que antes tinha não era vida, mas uma não-vida.

“Salta como a cabra do monte, chilra como o peito-ruivo, coaxa como a rã”


segunda-feira, janeiro 12, 2004
 
CRÓNICAS
férias das férias III

A viagem de vinda foi, em comparação com a ida, bem mais calminha. O "pessoal do Norte" telefonou-me no dia de Ano Novo, lá prás cinco e meia, a dizerem-me que havia um comboio a sair de Santa Apolónia a um quarto para as sete. Eles entravam só no Oriente. 'Melhor do que ir sozinho', pensei. Correndo sempre, fiz a mala e despedi-me de todos em velocidade de relâmpago. Mas ainda tive tempo de deixar umas tangerinas na cozinha com uma mensagem de agradecimento.
Obviamente, cheguei a tempo e horas à estação. Sentei-me na mesma carruagem em que tinha ido (a 22), e quase no mesmo lugar, a torcer que as histórias da viagem anterior não se repetissem. Um bocadito depois dos meus amigos terem entrado, fui-me sentar à beira deles, naqueles lugares centrais, mas na zona de fumadores. Tavam lá os dois e outra pessoa à frente deles. Sentei-me, com dificuldade, ao lado dessa 'pessoa'. O tipo era o genuíno português, mas em frente daqueles espelhos de feira que distorcem. Praí metro e meio e 130 kg. E com dificuldades em adormecer em comboios. Começava com a mão sobre a pança esférica, e quando finalmente adormecia a mão escorregava pela pança e vinha aterrar no meu colo. Ele lá acordava e a mão voltava à posição inicial. E a cena repetia-se. Acabei por conseguir uma posição completamente desconfortável, meio metido no corredor, e ele quase que não me tocava. Até que ele acordou definitivamente, pediu desculpa e foi dormir para outro lado. Ainda o vi mais vezes durante a viagem, certamente à procura de um lugar onde pudesse dormir à vontade.


domingo, janeiro 11, 2004
 
CRÓNICAS
férias das férias II

Já vos contei a minha ideia de passar de ano em Lisboa. Agora falo-vos das viagens que me levaram até à bonita e alva capital.

A ida, assim como a vinda, foi no intercidades da CP. Adoro transportes colectivos. Entre outras coisas, adoro o contacto com outras pessoas. Mas há certos contactos que prefiro evitar, como concordarão quando chegarem ao fim deste texto.

A ida foi na segunda 29, já que quem ia comigo apenas estava disponível no dia 31. Ora estar dois dias a pensar em ir para Lisboa era demais para mim. Apanhei mesmo o quim das oito em Campanhã para chegar a Lisboa à noitinha, antes da meia-noite. Carruagem 22. Estava espantado com as boas condições a que tínhamos direito na turística. Um caixote de lixo só para nós. Mesinha e tudo. Porta automática. Cabide para o meu casaco de executivo (nota mental: arranjar um casaco de executivo para a minha próxima viagem no intercidades). Estava maravilhado! Tirando os plásticos manhosos dos bancos, parecia-me tudo minimamente confortável.
A carruagem estava dividida em duas, entre fumadores e não. Cada uma dessas secções tinha metade das cadeiras viradas para a frente e a outra metade para trás. A única zona onde havia pessoas olhando outras nos olhos era mesmo no centro, onde havia lugar para um grupo de oito pessoas. De onde eu estava só via nucas à minha frente. No centro ia sentada uma alemã e com dois putos. Como me tinha esquecido dos fones na Póvoa, durante a primeira hora tive alguma dificuldade em ler, com os putos continuamente a fazer escarcél. O pior ainda estava para chegar, pois a cândida alemã mostrou-se uma digna kapo em qualquer campo de concentração. Quando se irritava com os putos, berrava com eles o mais que podia, insultava-os e assustava-os de uma forma medonha. Pareceu-me que ela seria casada com um português, porque no meio dos scheisse e afins pareceu-me vislumbrar um fodassecaralho bem subliminar. Acabei por ficar a conhecer bem melhor a carruagem onde me encontrava, porque quando a Helga se punha a blasfemar pousava o livro e punha-me a olhar para o tecto. Não sei quanto a vocês, mas eu não consigo concentrar-me enquanto alguém atemoriza os próprios filhos numa língua estrangeira. A viagem já estava a correr mal. Isso era certo.
Nunca pensei que fosse piorar. Algumas estações depois de Campanhã entrou um tipo alto, acompanhado de uma mulher que devia ser a mãe, e sentaram-se ao lado da loiraça e dos putos. Conseguia ver apenas um ou outro pormenor do novo vizinho de carruagem, pois eu estava sentado longe do centro. Mas vi o suficiente para o estranhar. Então percebi a razão da minha preocupação. Ele era deficiente mental, e sempre que os loiritos mexiam o mindinho ele começava num contínuo riso idiota que só acabava quando lhe faltava o fôlego ou quando tinha de ir à casa de banho. Entre o riso idiota e os gritos da alemã, o barulho dos putos acabava por ser abafado. Até me esqueci deles. Nesta rebaldaria a leitura ia sendo adiada. Para meu espanto, consegui despachar o livro; é o que dá uma viagem de três horas e meia.
Farto daquela salada-de-frutas sonora, fui até ao vagão-restaurante comprar um twix. Alguns segundos chegavam para esta operação, pensei eu. Digo o que quero, dão-me o que quero, dou o dinheiro e recebo o troco. Nada de muito complexo. Mais um engano fatal. A viagem pelo "pior que a União Europeia tem para oferecer" ainda não tinha acabado. Um 'español de mierda', com um descaramento incrível, fumava bem ao lado do anúncio 'proibido fumar', enquanto repelia as educadas tentativas do responsável do bar para ir fumar para a zona indicada. "-Mas quien hace estas leyes? - Não sou eu, isto vem de cima! Do governo! -Es por cosas así que Portugal és una mierda! -Em Espanha as regras são iguais! -Hoder qué no! -Se fosse no seu país, cumpria as regras!" e eu com o dinheiro na mão à espera do meu twix. Felizmente o senhor teve o discernimento de me atender enquanto repelia a má-educação espanholesa. Então o tío recomeçou "-Quiero lo livro de reclamaciones! -Aqui não temos, só na estação! -Ah, usted está hodido!"

Voltei ao meu lugar. O deficiente já tinha bazado. A alemã já estava mais calma. Já pude ler em paz.

Três quartos de hora depois passam por mim dois responsáveis da CP. "-E o que é que o gajo quer? (...) Ah é espanhol?"


 
MOCAS
críticas inodoras

Desde o início esperei reacções negativas ao meu blogue. 'Não sabes escrever', pensava eu, deveria ser o mais recorrente. 'Só escreves idiotices' devia estar no nº2 no top. Mas comentários como 'Bolas!' escrito pelo mister gay ou 'Com a concordância de todos os presentes: -Este blog parece a Maria! :)' pelo Texas? Por favor. Tão a gozar comigo de certeza. Isso são comentários de quem nem se deu ao trabalho de ler os textos nem de os perceber. Ainda no outro dia me envolvi numa polémica sobre um comentário meu ao trenguices. Recebi então respostas de pessoas a implicar com moi même. Essas pessoas foram ao meu blogue e retiraram de lá apenas uma coisa: a minha virgindade. E, em vez de esgrimirem argumentos, tentaram-me atacar com essa 'pepita' que descobriram no coisas.

Obrigado a todos que me lêm. E a todos que lêm apenas duas frases do blogue e são tão terrivelmente redutores nos comentários, sabem o que digo? Vão 'tomar no cú, que passa'! Normalmente agradeço a todos que comentam o meu blogue. Em relação a estes não o faço.


sábado, janeiro 10, 2004
 
OBSESSÕES
Maria Rita Mariano

Estou completamente siderado pela Maria Rita. E já estou farto que falem dela como a 'filha da Elis'. Ela é a Maria Rita, porra! Tem o jeito dela, não da mãe!

linda linda linda. Ah, e a música também é bonita. Mas acho que nunca vou gostar tanto da música como gosto da cantora. Sempre que vejo uma imagem dela desfaço-me em pedacinhos. Tem um sorriso lindo, o corpo perfeito, tem todo o charme de todas as mulheres do mundo, um bom gosto tão simples. Hoje vi-a a cantar na televisão. A contar piadas ao público. A divertir-se. Deve ser contagiante estar num concerto dela. E eu não fui!!!!


Tristeza não tem fim...


 
OCORRÊNCIAS
extremos

No mesmo dia em que fui visitar o puto, soube que o pai do meu melhor amigo tinha morrido. Na altura vieram-me mil ideias à cabeça. Mas já foi no início na semana, e fiquei ainda há algum tempo sem net. Para escrever o que se sente não pode passar uma semana. Uma semana ou um mês depois pode-se falar sobre efeito que algo teve na nossa vida. Mas as emoções já passaram. Agora foram substituídas por outras. Como dizia a Amelie, "as emoções de ontem não passam da pele morta de outrora".


quinta-feira, janeiro 08, 2004
 
INSTANTÂNEOS
abstinência

Já estou desde segunda sem internet. Não foi fácil estar todos estes dias sem blogar. A maior surpresa chegou hoje com a net, quando descobri que tenho uma média de 9 pessoas por dia a ler o meu blogue! Abençoados sejam os amigos!


 
INSTANTÂNEOS
quero um bébé

O meu amigão Jorge comemorou hoje os quatro dias do filho. Como é óbvio, fui visitá-lo. Quando vou poder comemorar outra vez os quatro dias do rebento de um grande amigo? Nunca, pensei eu. E em boa hora o fiz. O puto é uma delícia. Durante o tempo que estive lá, apenas abriu um olho para ver o que se passava, e pouco mais. Peidinhos à parte, adorei tê-lo ao meu colo. Ver as constantes mudanças de expressão. Como ele se movimenta durante o sono. Como reage à nossa voz. Queria levá-lo para casa, mas o pai não deixou. Diz que não foi fácil de arranjar, e que tão cedo não encontra um tão bom.

Quero um bébé só para mim!!!

(escrito em 05 04 03)


domingo, janeiro 04, 2004
 
NEGAÇÕES
música de Natal na rua

Há pessoas que adoram o Natal. Qual Natal? Hoje em dia o Natal começa em Novembro, as pessoas enfeitam as casas em Outubro, e já em Setembro estão a pensar nele.

Há coisas que adoro no Natal. Gosto de receber prendas originais. E de dar prendas, também. De receber postais e de os enviar. Como a minha mãe faz anos dia 26, a festa começa dia 24 e vai até 31. Gosto de estar com a minha família nesta altura. Ninguém discute e são todos incrivelmente amistosos. Adoro sair de uma loja e ouvir 'boas festas', respondendo 'obrigado e igualmente' (quando era novo dizia 'bom Natal e igualmente', talvez para realçar a ideia) (ou então porque era idiota, mesmo). Era na época de Natal que tinha de arrumar os pastores na prateleira na loja da minha avó.

O Natal também me irrita bastante. Detesto os enfeites e as luzes natalícias. A ideia de que as pessoas devem ser melhores no Natal. O aproveitamento comercial. Os embrulhos e as caixas de brinquedos deixados ao lado dos contentores do lixo, apesar de todos saberem que não há recolha no dia 25. E, principalmente, música na rua.

As ruas comerciais tornam-se, por esta altura, intransitáveis para mim. E nem me refiro à quantidade massiva de compradores tardios. Estou a falar da música mesmo. Sejam os inevitáveis Jingle Bells ou a versão dos Anjos dessa música, ou mesmo rádio, é impossível circular sem sofrer lesões auditivas. O pior acaba por vir para os moradores. Estas ruas comerciais costumam ser nos centros históricos. Quando se fazem listas das desvantagens de morar numa zona antiga, deviam incluir os jingles natalícios. Lembro-me de estar na casa de um amigo na zona antiga de Guimarães, durante a tarde, e não perceber o que me diziam por causa do volume da música na rua. Ainda hoje dormi nessa casa. Acordei de manhã com o Eminem a entrar-me pelas orelhas dentro, sem autorização. No banho, o mesmo. Adoro ouvir música no banho, mas Kylie Minogue? Plize...

Ainda para mais, as colunas tinham um defeito: paravam por cinco minutos, e depois recomeçavam. Já dizia o Pedro Abrunhosa 'pára, recomeça, faz-me acreditar...'.


sexta-feira, janeiro 02, 2004
 
FOTOS
eu aos três

Tenho sofrido várias ameaças sofridas por parte das minhas leitoras femininas (e alguns leitores também, tenho de admitir) do coisas a mostrar uma foto minha. Como podem ver no meu medidor de visitas, são enchentes contínuas de pessoas de todas as raças e credos e nacionalidades. Pessoas a perguntarem-me quem sou de onde venho, o que faço, a quererem fazer orgias comigo. Até já me convidaram a conhecer os pais deles!

Aí decidi, quebrando uma regra antiga minha, que iria incluir uma foto minha. Um pouco desactualizada, eu sei, mas quem vê datas não vê corações.



 
FICÇÕES
nadar no nada

A partir do momento que perdeu o emprego, José perdeu também todas as suas seguranças. Como se nunca as tivesse tido. As suas verdades tornaram-se miragens, as coisas perderam o seu gosto, numa espiral de desilusões.

Um dia José foi surpreendido pelo seu compadre Eusébio a fazer os movimentos antigos de coser as redes. O seu olhar vagueava pelas ondas que rebentavam na barra, e as suas mãos rasgavam o ar com movimentos ritmados e velozes. O cigarro estava esquecido no canto da boca. A mão esquerda segurava a rede, enquanto a direita cosia o material invisível. Os olhos pareciam ter perdido qualquer tipo de vontade. Aí Eusébio percebeu que o mar era tudo para José. As vagas vão e voltam, mas o mar não voltaria para ele.

Toda a vida como pescador é muita vida. É trocar a terra pelo mar, a sala pelo convés. E às vezes a terra parece tão longe… Sábios eram os antigos, que diziam que pescador não nadava. O que interessa saber nadar quando se está no meio do nada? Nada-se do nada para o nada?


 
INSTANTÂNEOS
chateado

As 'férias das férias' acabaram. Estou muito triste. Mesmo triste. Já só me restam 3 dias de 'férias'. Como fui desperdiçar o meu tempo assim? Deus cruel! Que fiz eu para merecer este fado maldito?

(Claro que não estou a atacar aqueles que tiveram apenas alguns dias de férias ou os que nem essa sorte tiveram. Respeito muito quem trabalha a sério, ao contrário de mim. Se assim não fosse, não havia coisas para ninguém)

(Vocês têm de compreender. Este é o meu ano sabático. O ano em que não se faz nada. O meu ano de Erasmus. Todos os meus amigos fizeram Erasmus. Agora é a minha vez. Vocês compreendem)

(Erasmus em Foz Côa. Isto tem de ser novidade)



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09.03
10.03
11.03
12.03
01.04
02.04
03.04
04.04
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06.04
07.04
08.04
09.04
10.04
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12.04
01.05
02.05
03.05
04.05
05.05
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