coisas do gomes
Este é o blogue do Nuno Gomes, mau futebolista mas incrível jogador de campo minado. Se não quiseres comentar publicamente, não hesites em escrever para aulasdeviolino@lsi.pt. Para consultas urgentes, contactem-me no messenger com aulasdeviolino@hotmail.com. Os meus livros para troca.
segunda-feira, agosto 30, 2004
 
MOCAS
da tisharte para o casaco de penas

Tenho uma dificuldade estranhíssima de interagir com o tempo. Não estou a falar do meu trauma com relógios perdidos, ou de mudar o GMT+0 para passar exactamente na Póvoa. Estou mesmo a falar do clima.

Hoje à tarde fui para o monte com calças de bombazine e as minhas sapatilhas de Inverno. Fui sair agora à noite de chinelos. De chinelos, na marginal da Póvoa.

Isto é na passagem do Verão para o Outono. A passagem do Inverno para a Primavera para o Verão também é problemática. Algures entre Abril e Maio, em Foz Côa, decidi usar apenas roupa de Verão. Essa indisposição mental durou, felizmente, apenas algumas horas.



 
GAMANÇOS
grafitos (7,5) (Barcelona) (depois da derrota espanhola contra Portugal)

Obrigado Mafalda!



domingo, agosto 29, 2004
 
INSTANTÂNEOS
o que dá acordar às 5 da tarde

Acordei com vontade de ir trabalhar para Barcelona, contrariando todas as teorias que fui elaborando nos últimos meses. Contrariando também tudo o que expliquei a todas as pessoas que ia encontrando, que o que eu queria era paz, estabilidade, um emprego fixo com salário fixo aqui na Póvoa.

Merda! :)



sábado, agosto 28, 2004
 
MOCAS
merdas

Tenho um texto novo um pouco mais abaixo. Só não está aqui no topo porque comecei a escrevê-lo há uns dias já. Está uma bela merda, mas como o resto das merdas que escrevo por aqui, é para ser postada.

Ninguém lê isto e não.



sexta-feira, agosto 27, 2004
 
INSTANTÂNEOS
quá quá quá?

Os país foi invadido por avéques. Acho que se não fizermos nada e os ignorarmos, eles acabam por ir embora no fim do Verão.



quarta-feira, agosto 25, 2004
 
FRASES FEITAS
o que é a paixão

Acho que a paixão dura apenas até ao momento em que se confronta com a realidade. Aí transforma-se em amor ou em desilusão amorosa.



 
INSTANTÂNEOS
não-paixão

O que sinto neste momento é em mim bastante recorrente, apesar de não ser uma sensação per si. Não estou apaixonado por ninguém, ou seja, estou numa fase transitória entre duas paixões.

Apesar de ainda gostar muito de ti, E. Muito mesmo.



segunda-feira, agosto 23, 2004
 
OBRIGAÇÕES
os nossos irmãos galegos

Falas galego-português?



domingo, agosto 22, 2004
 
RETROCESSOS
compromissos sociais: emprego e casamento (2)

“Mahesh era meu amigo. Mas eu considerava que a sua evolução como homem tinha sido paralisada pela relação que mantinha com Shoba. Para ele, tal relação era façanha bastante; não pedia mais à vida. Shoba admirava-o e precisava dele, e por isso Mahesh sentia-se satisfeito consigo mesmo, satisfeito com a pessoa que ele admirava. O seu único anseio parecia ser cuidar dessa pessoa. Mahesh arranjava-se para ela, vestia-se para ela, alindava-se para ela. Julgo que, para se apreciar fisicamente, Mahesh não se comparava com outros homens, nem se julgava a si mesmo de acordo com um qualquer ideal masculino; Mahesh limitava-se a ver o corpo que agradava a Shoba. Ele via-se a si mesmo com os olhos da mulher; e era por isso que, apesar de ser seu amigo, eu considerava que a sua devoção a Shoba tinha feito dele um meio homem, uma criatura ignóbil.
Também eu ansiara por uma aventura, pela paixão e pelo prazer físico, mas nunca tinha pensado que ficaria como Mahesh, que a ideia do meu próprio valor viria a depender daquilo que uma mulher visse em mim. Mas foi assim mesmo que as coisas se passaram. Toda a minha auto-estima dependia agora do facto de ser o amante de Yvette, de a servir, de lhe dar prazer.
Esse era o meu orgulho. Orgulho e vergonha, pois envergonhava-me que tivesse reduzido o meu valor como homem a isso.”

V.S.Naipaul, A Curva do Rio, pp.243



sexta-feira, agosto 20, 2004
 
GAMANÇOS
anónimo

Ei, eu sou um naturalista. Até que começo a perder dinheiro com isso. Aí mudo e torno-me economista.



 
INSTANTÂNEOS
o meu maior medo

O meu grande problema, já o sei há muito, é evitar os compromissos. Talvez tenha tirado o curso para dar algum sentido à minha vida. O curso, pensava eu inconscientemente, não era um compromisso com nada. Parece que me andei a enganar, todas as nossas decisões comprometem-nos de alguma maneira. Eu é que não quis vê-lo.



quinta-feira, agosto 19, 2004
 
RECORRÊNCIAS
de bicla para apanhar o bus

Como já devem ter percebido, eu sou da Póvoa. (Este é o momento certo para os adolescentes dizerem daaaaah!!!!) Os seus altos nunca são muito exagerados. Anda-se bem de bicicleta por cá. Raramente uso o carro para me deslocar na Póvoa. Já fui sair à noite de bicla, vou sempre para a praia de bicla, faço as compras de bicla, transporto móveis... Ok, algumas coisas nesta frase serão um pouco exageradas. Mas sou biclo-dependente.
Andar de bicla pela Póvoa é bastante traumático. Não os condutores, esses têm bastante respeito pelos ciclistas, mas os transeuntes. Atravessam-se, fogem para o lado errado, não ouvem a campainha. Nunca ninguém lhes ensinou o que é uma bicicleta?

Acredita, Vit, eu compreendo-te.

Há uns dias, na altura das acções de formação no Porto, lembrei-me de levar a bicicleta. Acho que já fiz muita coisa idiota na minha vida, não vou fornecer a lista, mas se forem anotando as que vou escrevendo aqui já ficam com uma lista condigna. Antes de entrar na camioneta na Póvoa pedi ao condutor se podia pôr a bicla na parte de baixo. (Nota mental: arranjar um nome para a bicicleta, carinhoso, de preferência.) A estranheza começou aqui. Da camioneta para o metro é limpinho, agradeço ao camarada Souto Moura a delicadeza. Na rotunda da Boavista passou-me o deslumbramento e lembrei-me de novo onde estava. O trânsito, às 9 da manhã, era tão encafuado que nem a minha esguia e elegante bicla passava. Nas acções de formação ninguém se acreditava na história de ter trazido a Gazela (inventei este nome agora, a marca da bicicleta é Gazelle), e quando a viam só deviam pensar 'xi, mais uma cromice do gomes. qd é k ele cresce???'. Há alturas em que tenho mesmo de desligar a telepatia. Andar no Porto já foi complicado, para andar com o Miguel tive de pôr a Gazela no carro dele, que estava a quilómetros de distância.
À noite, no Viso, reparei que o autocarro que me iria levar à Póvoa era do estilo suburbano. Ou seja, autocarro baixinho, sem espaço para arrumações. Assim estilo STCP. E a Gazela? Ainda tentei parlamentar com o condutor, que me explicava, entre uma fumada do charuto e uma boca à turista chinesa perdida, que bastava 'esperar mais hora, pelo autocarro seguinte.' Esse era seguramente maior e já levava a bicla. Isto às onze da noite num bairro social no Porto. Lá teve de ser. Transportes públicos + bicicleta = má ideia.


Na Póvoa, quando chego de bicicleta, perguntam-me 'perdeste a carta de condução?' ou 'o que se passa com o teu carro?' ou mesmo 'tu tens carta de condução?'. Acho que ninguém admite que tem uma inveja incrível de mim. Quem lhes dera ter a minha coragem de andar de bicla todos os dias. Não poluo, não barulho, não fodo o trânsito, não ocupo lugar de estacionamento.
Uso transportes públicos por motivos semelhantes. Quando vou ao Porto costumo usar os Transportes Alternativos do Metro. Não por ser mais barato, não por ser mais rápido, não por ser mais cómodo. Como na maior parte das minhas decisões, faço-o primariamente por gosto. Adoro ser conduzido. Ter disponibilidade para ver a paisagem, quando a vista se cansa do livro. Não pensar em estacionamentos idiotas. Uma vida mais simples.
Uso-os também por razões mais comunitárias. Ir de carro para o Porto é apenas a minha humilde contribuição para o agudizar do problema do trânsito. Eu gosto de dar o exemplo, apesar de às vezes esse exemplo me sair do corpo. Quando as coisas correm mal questionamos os nossos procedimentos. Apenas as coisas boas escapam a estes julgamentos.



segunda-feira, agosto 16, 2004
 
INSTANTÂNEOS
robinson crusoé

A barba está grande, mas só não a fiz por falta de tempo. Sempre dá melhor aspecto que a barba grande por preguiça.



sábado, agosto 07, 2004
 
INSTANTÂNEOS
signs

Estou a ser atacado sem misericórdia por criaturas invisíveis que me fazem marcas estranhas no pé direito. O que significa isto? Onde vai parar?



sexta-feira, agosto 06, 2004
 
INSTANTÂNEOS
retrato da desolação

Este é o meu primeiro Verão sem férias. Compenso trabalhando pouco, praiando aqui e ali e passeando sempre que posso. É estranho, estou a fazer o meu estágio e tudo está a correr assim assim, mas as coisas que vou fazendo perdem rapidamente o sentido. Trabalho um dia por semana em Figueira de Castelo Rodrigo. O carro fica no Pocinho (Foz Côa), para onde vou de comboio. Trabalho sempre às quartas, mas fico sempre mais um tempinho para estar com os amigos. Aos fins-de-semana encontro-me com o grupo ultra-secreto mari, para participar num igualmente ultra-secreto projecto. Se ando a fazer pouco na minha vida profissional (ou seja, para o estágio), a arquitectura de fim-de-semana também anda a motivar-me pouco. E ando a ler muito, e a escrever pouco.

Vejo a leitura, mais do que um prazer, como um investimento, mas para quem está de fora parece que levo uma boa vida. É verdade que levo uma boa vida (ok, aí têm razão), ainda não pago as minhas contas. Mas um escritor, para escrever bem, tem de ler imenso. Grande parte da sociedade (o meu irmão incluído) vê um escritor como o tipo que devia era trabalhar (como o Bush disse ao Michael Moore). Ou seja, sou um pária. E como tenho o curso de arquitectura, devia era estar a fazer casinhas, e não a escrever.

Em Setembro vou à Catalunha, e penso visitar um ou outro ateliê em Barcelona, a ver se me emprego. Nesta última frase estão dois dos paradoxos do que é a minha vida neste momento. Sempre quis morar uns tempos em Barcelona, mas agora coincide com um momento em que busco apenas estabilidade, de preferência morando e trabalhando na Póvoa. Acontece que o único bom arquitecto cá da Póvoa rejeitou-me pela segunda vez. Merda. O outro paradoxo é que vou a Barcelona e vou "visitar um ou outro ateliê", mas não vou com o objectivo específico de encontrar emprego por lá nem levo portefólio preparado. Isto porque nem sei se quero ser arquitecto, por isso não me consigo concentrar em nada que tenha a ver com isso.

Por todas estas coisas, dá-me assim uma neura. O tempo esgota-se tão rápido, há tanto para fazer, e sinto-me tão sozinho...



quinta-feira, agosto 05, 2004
 
INSTANTÂNEOS
início do ano

Quando o escrevi não quis postá-lo porque ela lia o blogue. Agora já não interessa, porque ela já me passou. E já não deve ler o blogue, também.

Gosto tanto dela! Nunca pensei que um amor tantas vezes adiado pudesse ainda ter ainda qualquer réstia de força, quanto mais toda esta vitalidade! Quando a vi a aproximar-se, cabelo grande, roupa mínima, um sorriso aberto que lhe inundava toda a face e me fazia sorrir também, todas as minhas dúvidas se desfizeram. Dúvidas sobre ela, sobre uma amizade intermitente e um amor desfasado, de muita hesitação e choro por uma coisa que apenas aconteceu no meu coração. Ou não? Tantas vezes ela me rejeitou, tantas vezes me ignorou e afastou para me surgir, agora, tão resplandecente e renovada, doce como sempre mas verdadeira e adulta. Nunca gostei tanto dela como agora. Será para ser rejeitado de novo? Porque me rejeita ela? Porque, ainda assim, me mostra remorsos por o ter feito?

Se há nome a ecoar cá dentro é este. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Manela. Quantas vezes for.



 
FRASES FEITAS
Almodóvar

Começa-me a parecer que gostar do Pedro Almodóvar é como gostar do Paulo Coelho. A única diferença é que os intelectuais adooooooooooooram Almodóvar.



quarta-feira, agosto 04, 2004
 
LEITURAS
O Conde d'Abranhos

Grande Eça, autor nascido na Póvoa mas nada poveiro. Não se pode dizer, também, que tenha pertencido a algum sítio específico. A sua prosa foi universal, com epicentro em Portugal. A sua carreira diplomática foi também viajante. Acho que conheceu muita coisa em vida, o que transparece nos seus livros.

O Conde d'Abranhos não é dos seus romances mais trabalhados, longe de obras-primas como Os Maias ou O Crime do Padre Amaro. Oferece, ainda assim, uma panorâmica da classe política e da sociedade em geral que espanta pela sua actualidade. Façam o seguinte exercício: leiam o que se segue ignorando que estou a falar do século XIX.


1_Os interesses do poder são múltiplos e nada claros;

2_O debate político é essencialmente demagógico;

3_Existe uma constante apelo ao passado, e as referências estão no estrangeiro;

4_Discute-se constantemente a velocidade dos veículos;

5_Está largamente difundido o nepotismo;

6_Existe uma grande alternância entre governos;

7_Fazer parte dum governo pode equivaler-se a pertencer a um conselho de administração de uma empresa;

8_É subsistente a ideia de "Portugal não vale nada";

9_Hierarquização da sociedade.


Comparação:
1_Continua na mesma; 2_Continua na mesma; 3_ Continua na mesma; 4_ Apesar de nós discutirmos automóveis e eles coches, continua na mesma; 5_ Apesar do nepotismo ser proibido por lei, continua na mesma; 6_ Isso já não; 7_ Isso já não; 8_ Continua na mesma; 9_ Com algumas diferenças, continua na mesma.




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POR DATAS

09.03
10.03
11.03
12.03
01.04
02.04
03.04
04.04
05.04
06.04
07.04
08.04
09.04
10.04
11.04
12.04
01.05
02.05
03.05
04.05
05.05
06.05

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