Este é o blogue do Nuno Gomes, mau futebolista mas incrível jogador de campo minado. Se não quiseres comentar publicamente, não hesites em escrever para aulasdeviolino@lsi.pt. Para consultas urgentes, contactem-me no messenger com aulasdeviolino@hotmail.com. Os meus livros para troca.
quinta-feira, julho 29, 2004
INSTANTÂNEOS amor
Posso dizer que é estranho. Sim, invulgar, impreciso, indefinido. Neste momento faço o que me dita o corpo, e com isso preencho o espírito com ar, com vida. Mas há coisas que sempre faltam, espaços residuais vagos, ainda. Se não os ocupar incham, dilatam-se como balões de enchimento lento, e começam a ganhar espaço aos outros lugares do meu corpo. Até que ele expluda e deixe substâncias inertes um pouco por todo lado, ainda muito falta, mas se não ocupar estes espaços com matéria, com o amor que sempre me escapou, posso perder tudo. Tenta-se alicerçar a vida nas coisas boas, apenas respirar o ar certo, nem de mais nem de menos. Porém, as coisas boas têm de ser partilhadas. Para depois fazê-las ainda melhores e mais completas. Tenho muitos amigos. O que preciso é de amor, mas um amor que nem eles me podem dar. Nem sei se alguém poderá.
Blogado às 16:50
Tripas? tipos já triparam.
segunda-feira, julho 26, 2004
LEITURAS o que tenho lido
Raúl Brandão, Sonhos, foi o primeiro romance que comprei pela capa. Faz parte duma colecção do Independente, as capas são do sempre genial André Carrilho (este é apenas um exemplo da arte dele).
O Idiota de Dostóievski foi o último livro que acabei. Penso que o comprei na feira do livro do Palácio de Cristal, e como a única edição em português é da Presença, deve ter custado 13 euros e tal. Os parvalhões do Jornal de Notícias decidiram lançar esse mesmo livro por 4 e tal. E o mesmo livro, em versão inglesa, custa, na FNAC, 2 e tal. Parece que o Fiódor estava afinal a pensar em mim quando escreveu o livro.
Blogado às 23:45
Tripas? tipos já triparam.
OCORRÊNCIAS Carlos Paredes (1925-2004)
Começo a aperceber-me que chorar não é fácil para mim. Controlo as lágrimas, retraio-me. Convenções sociais, talvez. Mas dá-me vontade de chorar quando vejo a repetição do golo do Maniche. Quando falam de um jogo como 'um dos melhores da história' as lágrimas aproximam-se, insinuam-se. Quase chorei no Homem-Aranha, quando ele salva o comboio e as pessoas, num gesto fraternal lindíssimo, ajudam-no. Aparentemente só 'quase' choro por coisas idiotas. Outras vezes choro a sério, começo a soluçar e a minha voz fica mais fina, um pouco feminina talvez.
O Carlos Paredes morreu, e eu 'quase' chorei. Limpei os olhos várias vezes, ainda solucei uns segundos. As televisões sabem pegar nestas coisas e torná-las choráveis, mas quando morrem pessoas famosas não me costuma afectar.
Carlos Paredes parecia transportar para a música que tocava um pouco do seu ser. Transmitia uma imagem de herói romântico, intransigente na sua arte, tragicamente belo na sua genuinidade. Morreu um pouco esquecido, sem o reconhecimento que lhe era devido, sem um fundo público que o sustentasse. Já não há homens assim.
Blogado às 18:59
Tripas? tipos já triparam.
FICÇÕES o bom ditador
Há quem me questione, aqui e ali, o porquê de eu ser alfarrabista. É uma profissão que, para lhes ser sincero, acumula muitos dissabores e contratempos. Oscila muito rapidamente entre dias bons e semanas, meses e mesmo anos menos bons. Não é todos os dias que recebemos no nosso estabelecimento uma edição original dum Camilo Castelo Branco ou dum Júlio Dinis, com capa de couro e lombada letrada a ouro. São também boas as manhãs em que um cliente espera, avidamente, lá entre as nove e as nove e um quarto, a abertura da loja. Digo-lhes que não, que o Cervantes numerado não é para já, que as revistas francesas de artes decorativas chegam só na próxima semana, sempre com o sobrolho ligeiramente franzido e com um ar de enjoo matinal.
Estes são, na realidade, os melhores momentos do meu dia. Apenas finjo um ar de chateado para parecer que sou um alfarrabista muito ocupado. Ou que sou muito prestigiado. Nada disto é verdade, mas gosto de me convencer do contrário.
Ser alfarrabista é um pouco como ter um café. Um pingo directo equivale a um Mário de Carvalho ou a um Mário de Sá Carneiro, ou talvez a um Rui Zink. Um Compal e um croissant serão talvez um Miguel Esteves Cardoso e um Émile Zola. Sem creme, claro. A um B active drink ou uma caipirinha responderia que não trabalhamos com a Margarida Rebelo Pinto ou com o Paulo Coelho. Se pedissem uma torrada com mel, por exemplo, pediria que esperassem um pouco, era preciso encontrar o mel e tal. Era como se me pedissem poesia medieval portuguesa versando castelos e feiras, tinha de investigar e encomendar.
Agora, se chega alguém e pergunta Vocês fazem Entromisado de Chaimírias à Modinha de Pipicola? É muito popular agora!, o que responder? Ora, meus amigos, para isto ninguém está preparado. Nem anos de experiência, nem acções de formação, nem a vizinha do lado! Aconteceu há dois meses, quando o meu estabelecimento foi, posso dizê-lo, invadido por um desses intelectuais de segunda. A roupa encardida, a pêra cofiada, um ar de tísico mal amanhado. Soltou alto e bom som Sua Excelência poderia indicar-me em que prateleira posso encontrar a edição britânica de 'Clueless in Nebraska' de Arnald Winter? Sabia que este livro quebrou todos os recordes de best-sellers da história? Li ontem no 24 Horas. Ora, a um cliente normal, habitué, olharia-o com ar raivoso e diria Não trabalhamos com literaturas anglófonas!!! ou algo semelhante, apesar de ser mentira, apenas para o calar. E ele sairia com o rabo entre as pernas, envergonhado por ter dito aquilo.
Ora este Torquemada anacrónico, do alto do seu metro e meio, notou a minha hesitação. Então?, rosnou. A verdade é que não fazia a mínima ideia do que ele estava a falar. Ainda esbocei um olhar para uma das prateleiras, mas logo encolhi os ombros. Não conheço esse autor. O 'cliente' ensaiou um leve sorriso, que rapidamente se espraiou por toda a sua face, num óbvio ar de desafio. Durante longos momentos fitou-me, seco, triunfante, desdentado. Ele estava a ganhar, a cobrir-se de glória. Eu sentia que o suor não tardaria, começava o tique nervoso do olho esquerdo. 'Isto, na minha própria livraria? É insuportável!' pensava, e a tensão crescia entre nós dois. Quase que diria que notei uma poeirita a cruzar o ar, insinuava-se um duelo pela morte ao bater do meio-dia. Aí não hesitei, anos a maltratar clientes difíceis vieram ao de cima. Nem o deixei sacar a arma. Mas o amigo pensa que está no Continente? Aqui não se vendem best-sellers, só best-writers. Pode sempre tentar a Bertrand ali da esquina, eles até têm cartão de cliente habitual!
Nunca mais por cá apareceu. Deve ter-se refugiado num bar qualquer, a beber Safari com cola ou algo assim.
Blogado às 01:03
Tripas? tipos já triparam.
INSTANTÂNEOS sentido
Muito pouco faz sentido neste momento. Amanhã já estou melhor.
Blogado às 01:02
Tripas? tipos já triparam.
sexta-feira, julho 23, 2004
CONCORRÊNCIA a lua vista de trás
Ela disse que ia bazar. Espero que volte atrás, e como ela tem o blogue que eu adoro recuso-me a pô-la na lista dos blogues mortos. Apesar de eu ser estranhamente metódico e de me estar a meter uma enorme confusão não a mudar de sítio. Tenho fezada que ela reconsidere.
Blogado às 16:40
Tripas? tipos já triparam.
INSTANTÂNEOS big brother
Ando a evitar isto desde que criei o blogue, mas não há volta a dar-lhe: tenho um irmão que é o exacto oposto de mim. Inevitavelmente, como ele acredita nas coisas que eu rejeito, tenho um grande vergonha. E, por isso, estou irritado.
Blogado às 16:28
Tripas? tipos já triparam.
quarta-feira, julho 21, 2004
INSTANTÂNEOS ai que isto ainda não acabou
Esta é um semana de acções de formação. Ora, para a Ordem dos Arquitectos, ajudar os jovens estagiários a evoluir enquanto profissionais é patrocinar a 'formação' de problemas nas costas e tortura de sono. Helena Roseta, que tal fazer-nos companhia???
Blogado às 22:37
Tripas? tipos já triparam.
sábado, julho 17, 2004
GAMANÇOS Scorpions
Let me take you far away
I'll take you on holiday
Blogado às 20:01
Tripas? tipos já triparam.
GAMANÇOS 05/07/04 (anónimo)
Apartamentos num é como as nossas casas entra e sai entra e sai!
Blogado às 19:57
Tripas? tipos já triparam.
sexta-feira, julho 16, 2004
FRASES FEITAS o chusso Quem diz chapéu em vez de guarda-chuva não é normal.
Vejam aqui o texto em que andei a trabalhar nos últimos tempos e com o qual concorri ao concurso.
Blogado às 12:17
Tripas? tipos já triparam.
terça-feira, julho 13, 2004
GAMANÇOS anónimo
A minha filha é engenheira AGRÓNIMA!
Blogado às 17:57
Tripas? tipos já triparam.
domingo, julho 11, 2004
RECORRÊNCIAS fronteiras e povos
Existem inúmeras situações pelo mundo onde comunidades são oprimidas pelos governos por razões étnicas, culturais ou religiosas. Existe o caso de Euskadi (país basco). Nesta zona da Península habita um dos povos mais antigos da Europa, reduzido a apenas dois milhões de vidas (no lado espanhol) e dividido em dois países. Por um lado surge a Espanha, ainda com um espírito imperialista e votada a um sonho irreal: a partir de uma capital "artificial" criada bem no centro da Península, impôr nas várias comunidades a vontade castelhana. Por outro surge a França, um dos países mais centralistas da Europa, que só nos últimos anos procurou dar alguma autonomia a comunidades como a Córsega.
Os Curdos são um caso ainda mais bicudo. Dividido por quatro países (Iraque, Irão, Síria e Turquia), o Curdistão teria, para existir enquanto entidade, de ser um país independente. Porque senão existiriam quatro comunidades (mais ou menos autónomas, dependendo da vontade dos quatro governos), e um povo separado. Aqui começa-se a vislumbrar ainda os vestígios do colonialismo. O Iraque, por exemplo, foi uma invenção dos ingleses, pois aquela delimitação servia os seus interesses na altura. Já deu para ver a má ideia que foi.
O exemplo mais crítico vem do Sudão, mais precisamente da região do Darfur. África é ainda uma manta de retalhos, no mínimo, mal cosidos. A grande maioria dos países são multilingues e multiculturais, o que gera conflitos. No Sudão a situação é emblemática de todo o contexto africano: a comunidade negra do Oeste partilha a mesma origem que a população do Chade, seu vizinho. A comunidade que domina o Sudão, os muçulmanos menos negros, decidiram eliminar os mais negros e menos muçulmanos do Oeste. Claro que uma redefinição fronteiriça está fora de questão: se ainda na Europa subsistem problemas destes, o que esperar dos países africanos, onde os índices democráticos são ainda escassos? Apenas para me contradizer, vou referir o caso da vizinha Eritreia como exemplo a seguir. Este recém-formado país separou-se da Etiópia de uma forma pacífica (apesar dos anos de guerra civil que o antecederam.) Eles conseguiram. Pelos vistos, não é assim tão difícil.
Chipre é também uma situação complexa. A maioria da população é grega, mas sempre existiu também uma minoria turca. Com as invasões turcas dos anos 70 as peças mudaram um pouco no ‘xadrez’ local, com a artificialidade que advém de conquistas, de guerras. Preconiza-se para Chipre um modelo ‘helvético’, um país com várias comunidades distintas. Isso resulta na Suíça (e também na Bélgica) porque se tratam de países prósperos. As coisas têm-lhes corrido bem, porque haveriam de mudar? Não sei se isto resultaria em Chipre, mas é de longe a melhor solução. Boa sorte para eles.
Existem, ainda assim, situações em que a minha opinião é beeeeeem diferente, como o Kosovo. Lá, a (recente) maioria albanesa conseguiu expulsar ou matar quase todos os sérvios que restavam. No início do século passado, os albaneses no Kosovo eram dez por cento da população; agora são mais de noventa por cento. Isto porquê? A Albânia é o país mais pobre da Europa, o menos civilizado (e, assim, o menos europeu). Diz-se que os albaneses se reproduzem como coelhos, que a família média albanesa tem 9 filhos. Ora o uso de contraceptivos e o planeamento familiar são sinais civilizacionais; a aparente falta de civilização deste povo origina estas explosões demográficas. Agora são a maioria no Kosovo, querem a independência. Eles já são vinte e tal por cento da vizinha Macedónia. O que vai acontecer quando chegarem a cinquenta por cento?
Há quem diga que os loiros estão em extinção. É óbvio que eles são uma minoria em Portugal. Como seria se começasse a haver uma imigração em força de loiros de todo o mundo para o Alentejo? E se, no seguimento disto, os loiros residentes começassem a reproduzir-se em força e se tornassem uma maioria? Começavam a aterrorizar as populações morenas da região, expulsando-as, até conquistarem o poder? Não se iludam, a situação no Kosovo é igual. Eles não têm direito a nada. Mas não sei qual a solução.
O exemplo de Israel está nos antípodas de tudo o que disse para trás. Os judeus indicam um passado de “milhares de anos” naquela terra, o que indica que ela lhes pertence. Isso e a história da “terra prometida”. Por essa ordem de ideias os muçulmanos poderiam voltar à Península e dominá-la. Pelo menos a parte espanhola. Afinal de contas, os espanhóis só cá estão há 500 anos e os árabes estiveram cá 700 anos. E este foi um dos reinos mais prósperos de todos os reinos muçulmanos. O que me irrita mais na questão de Israel é o papel hegemónico que os judeus têm lá desde que os ingleses deixaram o país. Através do poder económico e militar que ostentam, são eles que controlam a situação. Os palestinianos estão numa posição subserviente. Quando se fala do Médio Oriente refere-se esta ou aquela política israelita que vai ferir os palestinianos, e os israelitas falando da sua “necessidade de proteger a população israelita” e o “estado israelita”. Independentemente do modo como surgiu o “estado israelita” ou como se tem mantido, quem colocou os israelitas numa posição superior aos palestinianos? Quem lhes deu o poder para “proteger a população israelita” dos rebeldes palestinianos? Porque não são os palestinianos a mandar naquela zona e a oprimir as populações israelitas? Os israelitas, quando chegam ao fim duma discussão e reparam que não têm argumentos para a situação que se verifica, usam este argumento final: “Houve guerra, nós conquistamos território, e é isso”. Como se a guerra justificassealguma coisa.
Temos é de dar graças por Israel ser a “única democracia do Médio Oriente”. Com democracias daquela, o que esperar duma tirania?
Blogado às 16:34
Tripas? tipos já triparam.
quinta-feira, julho 08, 2004
INSTANTÂNEOS há vida para além do coração despedaçado
Há uns minutos acabei com uma das grandes ilusões da minha vida. Escrevi um meile a uma rapariga por quem estou apaixonado desde que me conheço, a dizer-lhe que nunca mais a queria ver. Sempre que a vejo apaixono-me de novo, e, quando não é correspondido, o amor doi demais.
Nem sei, escrevi o mail para que ela não me ligue mais. Mas gostava que me ligasse. Ai os sentimentos ambíguos...
Blogado às 20:37
Tripas? tipos já triparam.
OBRAS tou aqui tou ali
Espero que este seja um dos meus últimos posts no coisas actual. Vou mudar-me em breve, espero que me acompanhem na minha viagem...
Blogado às 18:29
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segunda-feira, julho 05, 2004
INSTANTÂNEOS mais um dia neste sítio
Hoje, o peso de Dostoiévski tombou-me a bicicleta. No meio da Junqueira. No meio de velhinhas ranhosas que apenas esperavam a minha tragédia. Normalmente Dostoiévski tem uso. Levo-o para a praia como quem leva protector. Uso-o para não tostar demasiado os pêlos do peito. Para poder vigiar a minha vizinha de barraca, sem escandalizar os pais. É a vantagem dos livros grandes, nunca é confortável lê-los. Assim estou sempre a mudar de posição de vigia. De leitura, digo.
Voltando ao que me trouxe aqui. As velhinhas, limpando o suor do buço. Com lencinhos rendados. Entreolhavam-se, enquanto me viam a erguer o Dostoiévski do chão, junto com a bicla. E diziam, de si para si, Ao menos fosse Turgenev, esse sim deitava-me ao chão!
Nunca li Turgenev, não sei a que se referiam.
Blogado às 18:27
Tripas? tipos já triparam.
sexta-feira, julho 02, 2004
GAMANÇOS eu sou loja
Ich Bin Laden!
Blogado às 21:20
Tripas? tipos já triparam.
quinta-feira, julho 01, 2004
OBRIGAÇÕES bringing down the house
Ok, não queria dizer isto de uma maneira tão branca, mas: a Queen Latifah é tão boa! Boa boa boa. Boa de lamber os dedos. Booooooa de encher a boca. Boa até dizer chega. Já vos disse que ela é boa? B-O-A!!!.
E o Steve Martin está ao nível do Warren Beatty a fazer de preto. A sério!
Blogado às 02:48
Tripas? tipos já triparam.
IMAGENS clérigos
Ok, acho que já não faço posts com imagens há algum tempo, portantos cá vai disto. Ou seja disto cá vai. Tirei-a no dia (ou noite) do Portugal-Espanha.
Penso que hoje fica bem.
Blogado às 00:19
Tripas? tipos já triparam.
MOCAS seleçom
Ok, o meu braço doi-me mas dou-o a torcer. Parabéns, Scolari. Falei demais. :)