Anabela Mota Ribeiro. Linda de morrer, boa, culta. Não queria falar mal dela porque qualquer dia apresentam-ma e ela lembra-se das minhas bocas. Mas, a rematar as qualidades que enumerei na primeira frase, digo: nunca conheci uma mulher (aparentemente) tão inteligente que fosse tão trenga como ela. Trenga mesmo.

'Impressionam-me os gatos. Parecem-me sempre os mais ensimesmados de todos os mamíferos com os focinhos altivos e aqueles olhos de quem espera algo que não alcançará tão cedo. Em criança, experiência partilhada por multidões incontáveis por esse mundo fora, tive um gato. Chamei-lhe Leonardo. Na altura não achei explicação para o nome, pareceu-me apropriado e pouco mais. Hoje, à luz de uma maturidade entretanto adquirida à custa de alguns sacrifícios, os do costume, percebo que era uma homenagem a priori ao grande génio da Renascença que foi Leonardo da Vinci. E o Leonardo, o meu, mais modesto de barbas do que o seu homónimo famoso, não deixava de exalar aquela aura de encantamento quase místico pelo saber do seu pequeno mundo felídeo.'

Muitos são conhecedores. O que diferencia os bons dos 'outros' é o que se faz com o conhecimento.

Entrei hoje numa fase nova. Benvindos à era do couro!

Eu vivo para dias como este.

Há aquelas alturas em que estamos mal-dispostos, indispostos, enfim, com uma qualquer desordem estomacal. Pode ter sido do abusar do vinho, da cerveja na hora errada, do leitão atrasado. Porque é que, nestas alturas, tudo nos parece mau? Porquê, meu deus? A nossa vida perdeu o sentido, os amigos parecem chatíssimos e idiotas, as mulheres parecem todas distantes.

' Sabes porque é que é näo atendeste o telemovel?! Porque estavas na TUA casa, com a TUA MULHER!'

Quando é que põe bons realizadores nos filmes de animação? É impressionante ver como a tecnologia tem evoluído e como tem diminuído a qualidade dos realizadores.

Isto tudo por causa do Sky Captain and the World of Tomorow. Vi quinze minutos, não há paciência para mais.

Naum á piórque biórque (não há pior que bjork).

'Josep Carod-Rovira, líder da Esquerda Republicana da Catalunha, numa conferência que proferiu no passado dia 20-01-2005 em Lisboa, a convite da Fundação Mário Soares, fez questão de falar em português, como assinalou, por «opção ideológica e por respeito, pois se falasse espanhol não falaria a língua de nenhum de nós.»'

Há uns dias atrás, não sei precisar bem quando, recebi uma notícia que me alegrou imenso. Fiquei bastante aliviado quando li essa notícia, porque traz alguma esperança no futuro.

O que ouvi foi que Siza Vieira vai ser encarregue da remodelação da Avenida dos Aliados para, supostamente, haver concordência de projectos entre esta e a Avenida da Ponte. Que também seria projectada pelo Siza. É bom que os Aliados sejam renovados pelo Siza. Mas o que me trouxe aqui foi a Avenida da Ponte. Se o projecto do Siza for avante, é revolucionário. Ele propõe-se a reconstruir a malha destruída aquando da construção da avenida. É construção no centro histórico, à semelhança do que Távora fez com a 'Torre dos 24', que visa refazer o casario que outrora rodeava a Sé. Ora Siza já fez, ao longo dos últimos anos, vários projectos para a avenida, sempre com edificação. O último projecto contemplava habitação, um museu, e outros edifícios avulsos. Não significa, de maneira nenhuma, o repor do traçado existente antes da ruptura causada pela avenida. Significa antes o coser da malha, e o atenuar do traçado ridículo da avenida.

Estou feliz.

O presidente: Acredito piamente que poucas pessoas fariam tanto como Pinto da Costa na liderança do clube. Acredito também que ele sempre teve o clube à frente das suas decisões. O que me preocupa é o seu envolvimento em situações ilegais como o Apito Dourado, e outros. Sempre gostei muito de Pinto da Costa, mas quando o ouvi a elogiar Alberto João Jardim apercebi-me que, afinal, não gosto dele. E se ser portista é escoltar o presidente à judiciária e armar confusão, então não o sou.

O treinador: O Bobby Robson nunca percebeu qual a língua falada em Portugal, mas tinha desculpa, era bife. Agora Luis Fernandez, espanhol de Zaragoça? A culpa não é dele: é do clube, por não obrigar a falar em português; e dos jornalistas, que lhe fazem perguntas em castelhano.

"Na SIC Notícias deu uma reportagem onde entrevistaram portugueses que partiram depois da tragédia para a Tailândia, mantendo as férias marcadas como antes de tudo acontecer.

Dulce Ferreira respondeu que já tinha as férias marcadas, que não tinha ficado nada preocupada com o que tinha acontecido, porque os pais, que lá estavam, tinham enviado uma msg a dizer que tinha havido 'uns tsunamis e umas coisas', mas estavam bem.

Quando a jornalista lhe pergunta se estava triste com toda a situação Dulce Ferreira respondeu 'sim, claro, agora já não vou ter todas as condições de férias que iria ter se por acaso não tivesse acontecido nada disto. Por outro lado, estou contente, porque vejo as coisas mais ao natural, como elas são.'"

A primeira saiu mal, tive de ir procurar álcool etílico.



Da segunda saiu perfeito.

Hoje começo com os sprays, depois da meia-noite. Primeira vítima: a minha caixa do correio.

acabaram.

'Why do you feel obsessed with people that you don't really like that much?'

Ontem vi o Eternal Sunshine of the Spotless Mind pela segunda vez. Aconselho a todos, mas a ninguém que tenha tido um desgosto amoroso, um desgostoso ou qualquer tragédia pessoal nos últimos tempos.

Agora vou ver The Incredibles. Porque eu sou Incredible. Nuno Incredible.

Já que se tocou o tema dos neologismo e estrangeirismos, queria aqui criar, com toda a pompa e circunstância possível, uma nova palavra. E essa palavra é... Bloga!

Todos os blogueiros, bloguistas e mesmo os bloggers poderão, a partir de agora, apelidar-se de bloga. Assim é a minha vontade.

Este é um ano de intercâmbios culturais entre a União Europeia e o Japão. Podem ver aqui.

"Be careful about reading health books. You may die of a misprint."

Sou uma bola de papel no cesto dum escritor frustado.

Ai, os dissabores da vida. Só sofro por não saber o que quero. Apenas sei o que não quero, sempre soube. O que é, à minha maneira, uma forma de afirmação. Uma afirmação pela negativa.

'Sei apenas gostar
de uma nesga de terra
debruada de mar'

O coisas do gomes entrou, há alguns segundos atrás, em contagem decrescente para a sua destruição total.

Acordei outra vez às sete.



Isto começa a ser repetitivo.

Hoje tive um dia daqueles. Estou muito contente, e também um bocado feliz. Poderia dizer também que estou alegre, mas isso seria exagerar um pouco. Estou bem disposto, isso é certo. Numa escala de contentamento que vai de zero a dez, estou talvez no nove (e meio). Estou numa boa. A curtir bué. Em suma, estou fixe.

Ler o Público, na casa-de-banho, logo a seguir ao almoço.

Comer rosca com queijo ao Domingo.

Ter o quarto quente.

Estar com os melhores amigos.

Não ter horários.

Andar em transportes colectivos.

Andar a pé pela cidade.

Esperar por alguém em sítios com gente a passar.

Adoro dormir mas detesto acordar. Adoro comer mas não gosto de lavar os dentes. Adoro beber mas detesto a manhã seguinte. Adoro as minhas roupas mas não tenho paciência para comprar novas. Gosto da barba feita, mas detesto fazê-la.

Metade do meu template desapareceu (como poderão verifcar nos favoritos), mas o blogue continua a funcionar como se nada fosse.

Ando com uma ideia marada (mas aceito colaborações) de grafitar a cidade toda, com mensagens positivas a apelar à participação cívica, às lutas por ideais, às provocações simples. O banksy é maluco, mas eu adoro-o.

Agora que acabei o estágio, sou confrontado com ideias duma vida melhor, em que vou ter tempo para tudo e infinitamente mais feliz.

E é o que vai acontecer, tenho a certeza.

Finalmente vou poder levantar a minha camera! Vou poder voltar a fotografar os esquilinhos, os rabinhos das meninas, os pôr-do-sol, como fiz até a minha máquina se partir! Ai, ai...

(isto é tudo mentira, atenção)

Nas próximas eleições, vote X. A certeza da vitória!

Estou quase, mas mesmo quase, a acabar o meu Relatório de Estágio. Não imaginam o peso que me saiu dos ombros. Praí sete toneladas.

'As your leader, I encourage you to - from time to time and always in a respectful manner, and with the complete knowledge that my decision is final -- to question my logic. If you're unconvinced a particular plan of action I've decided is the wisest, tell me so. But allow me to convince you. And I will promise you, right here and now, no subject will be taboo...except the subject that was just under discussion.

The price you pay for bringing up either my Chinese or my American heritage as a negative is, I collect your fuckin head. Just like this fucker here.

NOW IF ANY OF YOU SONSABITCHES GOT ANYTHING ELSE TO SAY, NOW'S THE FUCKIN TIME.

I didn't think so.'

Quando vi a mosca a morrer na banheira pensei nos meus últimos dias. Fechado no meu quarto, fortaleza multi-funções, negligenciei um pouco o contacto com o mundo exterior. Esta mosca de Inverno, uma das muitas que decidem vir morrer à minha casa, veio refugiar-se no calor do meu quarto. Abrigo enganador, porém: não há aqui alimento, à semelhança do resto da casa, apenas a minha pele e sangue. Outro dia, enquanto ela se intrometia no meu cabelo e eu a afastava violentamente, pensava que ela era a minha única companheira. E que seria bonito não a matar, e ver quanto tempo duraria esta relação. Bastou vê-la a jeito e matei-a, sem grandes repensamentos.

Mas, afinal está viva.




Liguei o chuveiro e via-a a escorrer até ao ralo. As minhas relações não duram, mosca, não te chegou o tempo que passamos juntos para veres isso?

O meu conto (sim, já não é um argumento) ANTES DO FIM vai ser editado por uma editora on-line. Não sei se é uma coisa boa ou má.

Quando isso acontecer eu dou-vos o línque.

O que tenho lido:

o resto da minha alegria, Valter Hugo Mãe. É a semana da poesia, por cá.

o tempo mais puro, Isabel Coelho dos Santos. A poeta é da Maia, a poesia inesquecível.

Amor de Soldado, de Jorge Amado. Peça de teatro de cariz histórico.

Complete Prose, de Woody Allen. Colecção de toda a prosa que Woody Allen escreveu entre 1960 e 1990.

Un Viejo que leía Novelas de Amor, Luís Sepúlveda. É bom, mas com aquele eco de Gabriel García Márquez sempre a soar no fundo.

(Noites Brancas), Fiódor Dostoiévski. Novela na inevitável São Petesburgo. Um pouco mais onírico que o habitual de Dostoiévski.

Un Coeur Simples, Gustave Flaubert. Novela que mostra com alguma desenvoltura a sua época.

Uma Família Inglesa, Júlio Dinis. É no Porto e é bonito.

The Bend in the River, V. S. Naipaul. Um dos autores incontornáveis da contemporaneidade.

Sonhos, Raul Brandão. Colectânea de textos do grande escritor.

Idiot, Fiódor Dostoiévski. É, juntamente com Crime e Castigo, uma das obras primas de Dostoiévski.

Vinte e Zinco, Mia Couto. O motivo é o Moçambique do 25 de Abril, mas parece-me cada vez mais que Mia Couto não precisa de motivos para escrever bem.

Borges e os Orangotangos Eternos, Luís Fernando Veríssimo. É o meu cronista preferido, e o romance não desilude, muito pelo contrário.

Ensaio sobre a Cegueira, José Saramago. Dá que pensar, mas a escrita não é especialmente apelativa.

(Diário), Anne Frank. Envolvente.

A Farewell to Arms, Ernest hemingway. Será redutor dizer que, naquele estilo, o Hemingway é o maior. Afinal, foi ele que criou o estilo.

O que ando a ler:

Delirious New York, Rem Koolhaas. Arquitecto da Casa da Música, é também um fantástico teórico da arquitectura. A sua ideia de cidade genérica deve ter nascido na Big Apple.

Don Quijote de la Mancha, Miguel de Cervantes. Este está para durar. Tem mais de mil páginas.

Os meus Problemas, Miguel Esteves Cardoso. Também está para durar. Tenho-o na casa de banho, um pouco esquecido.

Perguntavam a uma francesa (que namora com um tuguês) o que tinha vindo fazer ao Porto, ao que ela responde 'pela noche vieja' (ano novo em castelhano). Como não falava português, achou simpático falar em castelhano com a jornalista. Não sei o que será pior, uma jornalista que não fala francês, ou uma francesa que acha que o castelhano é igual ao português.

Imaginem como seria estar em Portugal e sermos impedidos de falar português?

Não é preciso usar muito a imaginação, basta ir à Galiza. Não os deixam falar a nossa língua.